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27/Set/2019

ONU: discurso de Bolsonaro abriu pontos de atrito

Ex-embaixador do Brasil em Washington e em Londres, o diplomata Rubens Barbosa avalia que o discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Geral da Organização Internacional das Nações Unidas (ONU), realizado na terça-feira (24/09), abriu novos pontos de atrito no exterior. "A expectativa era que o presidente fornecesse um quadro real do que está ocorrendo no Brasil, porque há muita desinformação no exterior quanto às queimadas na Amazônia. Mas ele preferiu fazer um discurso firme, duro e voltado para o público interno", considera Barbosa, que preside o Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice). "Esse posicionamento serviu para abrir muitos pontos novos de atrito no exterior que terão de ser administrados nos próximos meses", diz o diplomata. Em meio à repercussão internacional sobre as queimadas na Amazônia e sobre o posicionamento ambiental do presidente, possíveis retaliações aos produtos brasileiros não são afastadas por empresários e exportadores.

Ele acredita que o Brasil como grande produtor e exportador de produtos agrícolas pode no curto prazo ser afetado em alguns setores por essa reação. Barbosa considera que houve ameaças isoladas em relação ao couro e à soja brasileira de algumas empresas e de vários governos, entretanto, alerta que os exportadores não podem ignorar movimento de outros agentes determinantes para o mercado como a sociedade civil, as Organizações Não Governamentais (ONGs) e o novo perfil de consumidor. Agora, as sanções não são só políticas como eram no passado. Medidas restritivas tomadas por consumidores não estão regulamentadas na Organização Mundial de Comércio (OMC) e podem ser feitas independentemente dos governos.

O acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, contudo, considera o ex-embaixador, não deve ser afetado por essa situação. Segundo ele, não deve haver prejuízo maior, porque há interesse de países europeus em manter o mercado aberto na América Latina. O acordo tende a ser ratificado, mas não será fácil. A aprovação do documento pode enfrentar obstáculos no andamento nos Parlamentos de alguns países, sobretudo naqueles em que há uma “onda verde”. Para o diplomata, as percepções equivocadas de estrangeiros sobre a real situação da Amazônia precisam ser rebatidas com um panorama histórico e atual acerca das condições da floresta. O Brasil tem de enfrentar essa situação com divulgação de dados objetivos, transparentes e independentes. Não é por meio de retórica ideológica que o País irá recuperar a credibilidade e a confiança do mundo, as quais o presidente, inclusive, mencionou no início do seu discurso na ONU, conclui o diplomata. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.