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25/Set/2019

Celulose: indústria busca novas fontes de energia

A indústria de papel e celulose tem alcançado bons resultados em sua busca por novas fontes para geração de energia, de olho na receita extra disponível no mercado de energia livre. E estamos falando da geração de energia limpa. A Veracel, joint venture entre a Fibria (hoje Suzano) e a finlandesa Stora Enso, tem sido pioneira a utilizar o bagaço de cana no processo de queima de resíduos. A redução na quantidade de madeira inservível (que é desqualificada na linha de produção) motivou o departamento de pesquisas da empresa a buscar alternativas. Os estudos da Veracel, iniciados em agosto do ano passado, resultaram em uma fórmula que tem passado por ajustes, mas surtido um efeito bastante positivo. No ano passado, a empresa já testou um mix para a queima de resíduos composto por 6% de bagaço de cana, 38% de inservíveis, 1% de lodo primário e 54% de biomassa gerada internamente. Em 2019, a proporção do bagaço no mix já subiu para 7%. A companhia tem capacidade para gerar 126 megawatts, e opera próximo do limite produzindo 121 MW.

Desse total, a Veracel consome 70 MW e vende internamente 30 MW para uma unidade química parceira. Embora tenha licença para exportar até 27 MW para o Sistema Interligado Nacional (SIN), a Veracel atualmente disponibiliza apenas metade disso, em torno de 13 MW. Não há planos, por enquanto, de ampliar essa capacidade de geração. A intenção é conseguir manter o mix de combustíveis para geração equilibrado, mantendo o nível de eficiência. A capacidade de venda de energia da Veracel seria suficiente para atender a demanda residencial de uma cidade do tamanho de Eunápolis (BA), com mais de 100 mil habitantes. O bagaço de cana-de-açúcar é fornecido por duas usinas de álcool de terceiros, uma em Santa Cruz Cabrália (BA), próximo das instalações da empresa, e outra localizada em Minas Gerais. Atualmente, além do bagaço de cana-de-açúcar, a empresa realiza testes com caroço e casca do açaí, casca de coco verde e resíduo do cacau. Foi realizado o primeiro teste em escala industrial com o caroço de açaí no início desta semana, avaliando como funcionaria o sistema de transporte.

Agora se está verificando a viabilidade econômica, cuja mistura seria no mesmo nível do bagaço, em torno de 7%. O caroço de açaí tem uma vantagem por ser um combustível homogêneo e de fácil de transporte. Até o início de outubro, a empresa já deve ter uma definição sobre os próximos passos dessa iniciativa. A concorrente Eldorado, por sua vez, tem apostado no aproveitamento de tocos e raízes de madeira em seu mix para geração de energia. Esse material era deixado para trás, mas descobriu-se que pode ser aproveitado com bons resultados. Em Portugal, por conta do déficit de madeira e de terreno disponível, eles usam esse tipo de insumo para produção de celulose. No caso do Brasil, isso não seria viável, mas pode ser útil na queima. O projeto ainda está na fase de testes e deve entrar em operação com a inauguração da usina termelétrica Onça Pintada, na fábrica de Três Lagoas (MS), em 1º de janeiro de 2021. Será a maior termelétrica movida à biomassa do Brasil. O investimento, que sairá do caixa da empresa, é estimado entre R$ 350 milhões e R$ 400 milhões.

Sua construção foi contratada via leilão realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 2016. No local, a Eldorado já tem uma operação autossuficiente em energia, além de exportar outros 50 MW para SIN, via Ambiente de Contratação Livre (ACL). A nova termelétrica vai consumir 1.500 toneladas de biomassa/dia e deve gerar 50 MW, que serão 100% que serão comercializados via Ambiente de Contração Regulado (ACR). A demanda, nesse caso, será determinada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O retorno financeiro é certo e garantido, diz Monteiro, mas ainda não é possível estimar valores em razão de fatores externos, como demanda de energia e preço. Em outra iniciativa na busca por sustentabilidade, diferentemente das empresas que cortam os galhos e trazem somente as árvores com a casca (para usá-la como combustível na fábrica), a Eldorado prefere descascar o tronco na floresta e deixar esse material no local como cobertura vegetal. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.