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18/Set/2019

Meio ambiente: desmatamento não gera expansão

Em um artigo publicado nesta terça-feira (17/09) no jornal britânico Financial Times, o ex-vice-presidente-sênior do Banco Mundial (Bird), Vinod Thomas, criticou os argumentos do presidente brasileiro para continuar a diminuir a área de floresta no Brasil. Para ele, é inaceitável que esse desmatamento tenha sido impulsionado pelo objetivo afirmativo do presidente Jair Bolsonaro de desmatamento em nome do crescimento econômico, uma premissa infundada, já que períodos anteriores de alto desmatamento nunca coincidiram com alto crescimento econômico, contrapôs no texto, que tem como título "As Nações Unidas podem apagar o fogo?", em referência à Assembleia Geral da ONU, marcada para iniciar o encontro de alto nível no dia 24 de setembro com o tradicional discurso de um presidente brasileiro. Thomas salientou que, enquanto a reunião ocorre em Nova York, o mundo enfrenta uma catástrofe climática agravada pela queima das florestas tropicais.

Segundo ele, é desesperadamente necessária uma solução global para evitar uma catástrofe irreversível e q ONU deve agir diante dessa ameaça existencial. Ele ressaltou que os líderes do grupo dos sete países mais ricos do mundo (G-7) realizaram sua cúpula no mês passado em Biarritz, na França, enquanto a Amazônia estava em chamas, falharam em agir sobre o destino das florestas do mundo que, como a ONU coloca, têm uma capacidade incomparável de absorver e armazenar carbono. A crítica do autor foi a de que eles se concentraram na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Pelo artigo, como arquiteta do acordo climático de Paris e com sua experiência em silvicultura, a ONU deveria colocar esses incêndios florestais maciços no topo de sua agenda e produzir uma solução prática para a questão. O texto prossegue dizendo que os cientistas não poderiam ser mais claros sobre a devastação das florestas tropicais, o derretimento das geleiras e as mudanças climáticas descontroladas e citando dados sobre emissões de China, Estados Unidos e Índia.

Thomas enfatizou que, em muitos casos, incêndios na floresta amazônica brasileira e nas florestas remanescentes nas ilhas Kalimantan e Sumatra, na Indonésia, na Sibéria e mesmo no Alasca foram provocados pelos humanos. Ele continuou seu argumento falando das perdas até aqui em espaço de área virgem e extinção de plantas e animais. A Floresta Amazônica tem enfrentado incêndios provocados por madeireiros e pecuaristas ilegais ano após ano, mas em 2019 eles estão especialmente graves. Para o ex-membro do Bird, esse caos não pode ser visto como um assunto puramente nacional, como afirmou o presidente do Brasil. Ainda segundo ele, quando a saúde e o bem-estar dos vizinhos estão em perigo, como no sudeste da Ásia devido aos incêndios na Indnésia, e provavelmente aos vizinhos sul-americanos dos incêndios no Brasil, queimar as próprias florestas não é apenas um assunto doméstico. A ONU deve rotulá-lo como um crime contra a humanidade.

O artigo dá detalhes sobre a absorção de carbono pelas florestas e cita que, além de tudo, está a liderança dos Estados Unidos, o maior emissor de carbono per capita do mundo. Na opinião do autor, o Conselho de Segurança deveria apresentar uma proposta pedindo a reentrada dos Estados Unidos no Acordo de Paris. Ele considera que o mundo está pagando um preço alto pela postura anti-ambiental do governo dos Estados Unidos, causando um efeito indireto no Brasil, na Indonésia e em outros lugares. Isso por si só deve ser motivo para apoiar os protetores do meio ambiente. Ao final, Thomas admite que as chances de a ONU entregar a tempo uma ação de emergência global não são grandes. Mas, agora, segundo ele, o resultado pode ser diferente porque a silvicultura e a mudança climática são um tema da ONU e porque muitos líderes estão percebendo que a catástrofe climática não é mais uma ameaça no horizonte, ela está presente. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.