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06/Set/2019

Amazônia: Brasil deve ser compensado na proteção

Segundo um artigo do Instituto Romeno para o Estudo da Ásia-Pacífico, publicado na versão on line do jornal britânico Financial Times, o Brasil precisa de compensação para proteger a Amazônia. Salvar as florestas as torna mais valiosas para seus países do que liberar a exploração da terra pela agricultura ou mineração. Milhões de hectares de floresta estão queimando, como incêndios na Sibéria, que levaram a Rússia a declarar estado de emergência em julho, e agora na Floresta Amazônica. A gestão dos incêndios no Brasil provocou indignação global. Embora a Floresta Amazônica represente cerca de 40% do território brasileiro, o País não tira muitas vantagens econômicas dessa situação. O presidente Jair Bolsonaro atraiu críticas por querer explorar a Amazônia, mas pedir a ele que poupe a floresta tropical a todo custo, por todo o tempo, pode ser considerado igualmente injusto.

Por exemplo, poucos esperam que a Arábia Saudita pare de perfurar e exportar suas reservas de petróleo em nome da redução das emissões de carbono. Uma abordagem mais justa seria considerar as metas de desenvolvimento do Brasil e compensar o País pelas perdas econômicas associadas à não exploração da Amazônia. A melhor chance de salvar as florestas é torná-las mais valiosas para seus países anfitriões em vez de se tornarem terras agrícolas ou locais de mineração. A experiência na China, Índia e sudeste da Ásia mostra que os países em desenvolvimento raramente estão dispostos a abrir mão de oportunidades de crescimento para evitar danos ambientais. Quando muitos países começam a se concentrar em políticas ambientalmente amigáveis, milhares de espécies já estavam extintas, pois os ecossistemas sofrem danos permanentes.

Em vez de esperar por mudanças políticas, é preciso usar incentivos financeiros. As economias desenvolvidas do mundo podem fornecer apoio financeiro temporário aos países em desenvolvimento que hospedam florestas tropicais, ajudando-os fazer sua economia crescer sem recorrer à exploração florestal. O sacrifício seria pequeno, menos de 0,5% do Produto Interno Bruto. Para a Amazônia, é possível considerar um esquema anual que recompensaria o Brasil por garantir que nem mais um hectare da floresta seja convertido em agricultura. Mas, as negociações podem ser difíceis, já que Bolsonaro inicialmente recusou a oferta de ajuda de US$ 22 milhões do G7 (grupo dos sete países mais ricos do mundo), alegando que o grupo estava tratando o Brasil como uma "colônia". No futuro, essa compensação deverá ser concedida sem restrições, além de garantias de que a floresta tropical será preservada e a ajuda externa será aceita para combater futuros desastres ecológicos.

Assim como a Unesco foi criada para proteger o patrimônio cultural da humanidade, está na hora de permitir que um organismo internacional tome as medidas necessárias para proteger as florestas consideradas vitais para o planeta. Porém, chegar a um acordo sobre quanto pagar e quais países são elegíveis será difícil, mas quanto mais cedo for projetado um mecanismo eficiente para preservar as florestas tropicais, melhor. Não é possível sacrificar mais o meio ambiente por interesses econômicos; reparar danos ambientais custará consideravelmente mais do que tomar medidas preventivas. Para que o projeto funcione, é necessário garantir que os países cujo território é amplamente coberto por florestas tropicais não sofram desvantagens econômicas por não explorarem essas terras. O dilema do Brasil é instrutivo. O Brasil

é um dos principais exportadores de soja para a China e a guerra comercial do país asiático com os Estados Unidos incentiva a transformação de áreas florestais em novas terras agrícolas para aumentar a produção da commodity. Por esse raciocínio, a concessão de compensação ao Brasil pela preservação da Amazônia poderia ajudar a reorientar seu investimento para outros setores. As florestas em todo o mundo, e as florestas tropicais em particular, desempenham um papel crucial na estabilização do clima, evitando a desertificação e os deslizamentos de terra e armazenando o excesso de dióxido de carbono, além de acomodar cerca de 80% da biodiversidade terrestre do mundo. Eles são um dos ativos naturais mais valiosos e é imperativo protegê-los. Se as ambiciosas atividades destruírem a natureza, não haverá mais ninguém para contar nossa história. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.