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05/Ago/2019

Guerra comercial terá efeitos no Brasil e no mundo

O acirramento da guerra comercial surpreendeu o mercado, que esperava um avanço na rodada de negociações entre China e Estados Unidos. O resultado da medida anunciada por Donald Trump deve ser uma nova retaliação da China, ainda que não no mesmo patamar e mais desaceleração na economia global. Para o Brasil, a escalada significará uma redução nas exportações para seus três principais mercados: Estados Unidos, China e Europa. Apesar da possibilidade de um novo aumento de venda de soja para a China, que no ano passado já substituiu a compra do produto norte-americano pelo brasileiro, a tendência não deve ser suficiente para movimentar a economia brasileira, pois seria algo muito setorial. Nas últimas duas escaladas da guerra comercial, a China respondeu de maneira comedida. Agora tem até muito pouco espaço para responder.

A China já impôs tarifas sobre US$ 110 bilhões de produtos norte-americanos e restam US$ 20 bilhões que não foram tarifados. Mas, a China tem reagido sempre, até porque é uma questão diplomática e de política interna. Para a China, é importante mostrar alguma reação. Em setembro, quando os Estados Unidos colocaram tarifa sobre US$ 200 bilhões, a China colocou sobre US$ 60 bilhões e uma tarifa muito menor. Esse novo acirramento desacelera ainda mais o crescimento mundial. Ele será muito maior sobre a economia chinesa do que sobre a norte-americana. A norte-americana é mais fechada, até por ser mais diversificada e continental, e o tamanho das exportações norte-americanas para a China em relação ao total é menor que o contrário. Tem de levar em conta os impactos indiretos, via condições financeiras, como as bolsas. Esses impactos também tendem a ser mais fortes sobre a China.

O aumento da incerteza pega o mundo em um momento de desaceleração, crescendo abaixo do potencial, e isso deve se agravar. Haverá um impacto indireto forte na confiança, reduzindo intenção de investimento e consumo. Esses impactos indiretos são muito importantes e devem gerar desaquecimento e necessidade de resposta de uma política monetária expansionista dos principais bancos centrais. O Federal Reserve (o Fed, o banco central norte-americano) cortou os juros no dia 31 de julho, mas os sinais de novas reduções ficaram aquém do que se esperava. Na medida em que a incerteza aumenta e o PIB global desacelera, aumenta a necessidade de resposta mais rápida do Fed. O Brasil se beneficiou, em um primeiro momento, com a guerra comercial, exportando mais para a China, sobretudo soja.

Porém, o efeito de a economia global crescer menos e do aumento do risco é negativo para todos. O Brasil é bem menos afetado diretamente por essa guerra, na medida em que não estamos no epicentro dela e porque somos pouco integrados às cadeias de produção globais. Agora, deverá haver efeitos colaterais. A Europa, principalmente a Alemanha, é muito sensível a exportações de manufatura para a China. E a Europa também é importante para as exportações do Brasil. Os três principais mercados para o Brasil - Estados Unidos, China e Europa, serão bastante afetados. Em um segundo momento, tem o efeito de relaxamento monetário, que tende a minimizar o primeiro impacto. Pode haver um aumento de exportações agrícolas brasileiras que beneficie o País, mas isso é algo muito setorial. O setor agrícola é importante para a balança comercial, mas não chega a mover o PIB. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.