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16/Jul/2019

América Latina elevará fatia no agronegócio global

Até 2028, a América Latina e o Caribe responderão por mais de 25% das exportações mundiais de produtos agrícolas e pescados, de acordo com o novo relatório da OCDE e da FAO Perspectivas Agrícolas 2019-2028. O relatório conjunto da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) aponta que a produção agrícola na região continuará a crescer, mas que a diminuição da demanda doméstica e internacional pode contribuir para um crescimento mais lento durante a próxima década. Apesar disso, a região registrará um crescimento de 22% em suas lavouras e um crescimento de 16% em seus produtos pecuários na próxima década, 7 e 2 pontos percentuais acima da média mundial, respectivamente. O aumento das exportações da região também limitará a desaceleração geral da produção, de modo que a abertura comercial continuará sendo de grande importância para países da América Latina e Caribe.

O crescimento das exportações também diminuirá, mas a vantagem comparativa da região em muitos produtos agrícolas significa a capacidade de capturar uma fatia maior dos mercados mundiais. Para os produtos básicos, como milho, arroz e carne bovina, um crescimento maior da demanda internacional em relação à demanda doméstica significará que uma parte maior da produção será destinada à exportação na próxima década. Embora o comércio global de commodities agrícolas e pescados continuará a se expandir na próxima década, o ritmo será menor (1,3% ao ano) do que a taxa média de 3,3% nos últimos 10 anos. Segundo o relatório, a produção agrícola e de pescados na América Latina e no Caribe cresceu em média 2,7% ao ano (em dólares constantes de 2010) nas últimas duas décadas. Atualmente, a América Latina e o Caribe representam 14% da produção agrícola mundial e 23% das exportações agrícolas e pescados.

Menor crescimento na produção de cereais

Espera-se que o crescimento da produção de cereais diminua na próxima década, com taxas de crescimento anuais de metade das observadas nas duas últimas décadas para os principais países produtores de cereais. Para 2028, a região deverá produzir 233,5 milhões de toneladas de milho (18% do total mundial), 22,1 milhões de toneladas de grãos secundários (3% do total mundial), 21,4 milhões de toneladas de arroz (4% do total mundial) e 37,3 milhões de toneladas de trigo (11% do total mundial). A produção de soja continuará crescendo durante a próxima década, e uma maior expansão do uso da terra para a soja é projetada em detrimento das pastagens, embora um terço do aumento na área colhida venha de colheitas duplas (duas colheitas em sequência no mesmo ano). No entanto, espera-se que a taxa de crescimento da produção anual para a região como um todo caia de 6,9% nas duas décadas anteriores para 2,8% na próxima década. O crescimento médio anual da produção de carne bovina irá desacelerar ligeiramente na próxima década – para 1,2% ao ano – em comparação com 1,4% nas duas décadas anteriores. A produção de pescados crescerá 12% na próxima década.

Mudanças na demanda interna de alimentos: mais carnes, frutas e verduras e menos alimentos básicos

O relatório prevê um aumento na demanda interna por proteínas de origem animal. Espera-se que o consumo per capita de carne bovina e suína cresça 10% na próxima década (12% de pescados e 15% de aves). Assim, até 2028, o consumo de aves, de 34,2 Kg per capita ao ano, representará 42,1% do consumo total de carnes. Isso representa 14,8 pontos percentuais acima do valor de meados dos anos 1990. A FAO e a OCDE projetam um consumo maior de frutas, legumes, carnes, laticínios e pescados, em comparação com alimentos básicos, como milho, arroz e feijão. Espera-se que o consumo per capita de milho diminua em 4,3% na próxima década.

Agricultura sustentável e melhores sistemas alimentares

Segundo o relatório da FAO-OCDE, os desafios para o futuro na América Latina e no Caribe passam por garantir que o crescimento agrícola futuro seja mais sustentável e inclusivo do que era no passado, num contexto de demanda e preços internacionais menores. Garantir um caminho mais sustentável e inclusivo para o futuro crescimento agrícola dependerá do progresso necessário nas áreas de nutrição, proteção social e ambiental e apoio à subsistência, uma vez que a pobreza rural, a fome e a obesidade estão aumentando na região. O relatório indica que há fortes oportunidades de crescimento na região para a produção de frutas e verduras de alto valor, que proporcionam melhores oportunidades para a agricultura familiar e dietas mais saudáveis para a população. As políticas específicas podem ajudar agricultores e consumidores a aproveitar essas oportunidades, ao mesmo tempo em que protegem a base de recursos naturais da região. Sistemas alimentares aprimorados e políticas inovadoras de segurança alimentar e nutrição também são necessários para conter o recente aumento da fome e o aumento de décadas na obesidade, já que a região tem a segunda maior prevalência de pessoas com sobrepeso e obesidade no mundo, atrás apenas da América do Norte.

Fontes: FAO/OCDE Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.