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15/Jul/2019

Margens de rentabilidade dos grãos podem recuar

Apesar das estimativas apontarem que o País pode ter neste ano a maior safra de grãos da história, a receita dos produtores deve encolher. Depois de ter crescido 20% em 2018, embalada pelas exportações para a China, a renda nominal agrícola deve ter queda de 0,16%. Ainda que pequena, a mudança de trajetória é simbólica. Se confirmada, será o primeiro recuo desde 2010. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou que a safra de grãos 2018/2019 deve atingir 240,7 milhões de toneladas, superando o recorde anterior de 237,6 milhões de toneladas da safra 2016/2017. Os produtores alegam que operam com margens apertadas, especialmente por causa do tabelamento do frete, da alta do câmbio e da queda dos preços internacionais dos grãos.

Entre algodão, arroz, feijão, milho, soja e trigo, a renda agrícola deve somar R$ 244,9 bilhões este ano. Houve queda de preços no mercado internacional, sobretudo da soja, e a economia global está enfraquecendo. Descontada a inflação, a perda de renda será ainda maior que a prevista até agora. A soja responde por mais da metade da receita de grãos e é um dos pilares da balança comercial do País. A produção deste ano já foi 4,5% inferior à de 2018. Diante desse cenário, os produtores estão inseguros em relação aos preparativos para o plantio da próxima safra no Centro-Sul, a partir de setembro. O Mato Grosso é o principal Estado produtor de soja.

A área plantada na safra 2019/2020 deve ter o menor avanço dos últimos anos, de apenas 0,6%, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Nas contas da entidade devem ser semeados 9,7 milhões de hectares. O preço da soja está abaixo do patamar histórico e, com a recente valorização do Real, deve cair ainda mais. Após todos os descontos, o produtor de Sinop, por exemplo, recebe entre R$ 62 e R$ 63 por saca de 60 Kg. Essa cifra praticamente empata com o custo de produção. Os insumos para a produção da próxima safra subiram entre 10% e 15% em relação a 2018. A produtividade da soja também pode ser menor.

Os agricultores estão adquirindo o produto mais barato, sem tratamento, menos resistente e menos produtivo. O fertilizante foi o item que mais encareceu. Há regiões onde o preço aumentou entre 25% e 30%, segundo a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). Além da alta do câmbio no primeiro semestre, que afetou diretamente o preço do adubo que usa micronutrientes importados, há o impacto do tabelamento do frete. A tabela do frete é atualizada pela inflação. Embora tenha sido amenizada nos últimos dias, a insegurança no campo também ocorre em razão da guerra comercial entre EUA e China. Há uma pressão grande e o produtor tem medo de plantar e sobrar produto.

Ninguém vai deixar de plantar, mas fará isso com cautela e da forma mais barata possível. A guerra comercial beneficia o País num primeiro momento, à medida em que os chineses pagam prêmios pela soja brasileira. O problema é que a China reduziu o consumo em razão da Peste Suína Africana. Os produtores brasileiros ficaram muito dependentes da China, considerada um parceiro instável por ter capacidade de mexer com as expectativas e reduzir preços. A Peste Suína Africana que dizimou os suínos na China pode, por outro lado, resultar em avanço nas importações de carnes. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.