ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

08/Jul/2019

Argentina: setores divididos sobre o Mercosul-UE

Representantes de alguns setores da economia argentina elogiaram o acordo comercial fechado entre o Mercosul e a União Europeia, mas outros demonstraram temer problemas à frente. Enquanto isso, na frente política, o presidente Mauricio Macri deve usar a novidade como trunfo em uma corrida pela reeleição neste ano que se desenha como bastante acirrada, enquanto a oposição faz ressalvas. A Câmara Argentina de Comércio e Serviços (CAC) divulgou comunicado para celebrar o acordo, por ajudar na promoção da liberdade econômica e na integração da Argentina no mundo. A entidade previu a duplicação do comércio dentro do Mercosul, a partir da entrada em vigor da iniciativa com a União Europeia, e lembra que o bloco europeu é a maior fonte de investimento estrangeiro direto em solo argentino. Na União Industrial Argentina (UIA), há divisões entre lideranças, com algumas questionando riscos para o setor.

A maior assimetria é a falta de competitividade da indústria argentina e o setor solicita reformas, como a tributária e a trabalhista, e que o sistema financeiro seja mais orientado ao setor produtivo. O Centro de Estudos Unión para la Nueva Mayoría afirma que o setor agropecuário em geral é o mais favorável ao acordo, com a exceção dos vinicultores. A indústria mostra mais reservas e dúvidas. O acordo é avaliado como um passo positivo em uma direção correta, embora necessite de um trâmite difícil para aprová-lo entre os vários países europeus. De qualquer modo, isso pode representar uma mudança de atitude do grupo regional e incentivar pactos com outras nações, como Canadá, Coreia do Sul, Cingapura e Japão. O JPMorgan vê o acordo como um marco histórico para os países envolvidos, diante do tamanho dos parceiros comerciais e da mudança drástica que isso implica nas políticas comerciais, especialmente para o Mercosul.

Mas, é preciso lembrar que o acordo precisa passar por avaliações legais e que o tratado precisa ser aprovado pelo Parlamento Europeu e pelos Estados-membros no Conselho Europeu, antes de sua assinatura final. Deve haver dificuldades para a ratificação. O processo deve ser lento e pode fracassar, num contexto em que a política na Europa caminha para mais protecionismo. Há risco de revezes na Europa e dentro do Mercosul, particularmente na Argentina, onde a dinâmica eleitoral impedirá a ratificação antes da eleição de outubro. Mesmo em caso de reeleição de Macri, as negociações com o Congresso continuam a ser um desafio. Macri parece decidido a usar o acordo na campanha, mas o assunto perderá fôlego. O presidente busca a reeleição, no processo que terá o primeiro turno no dia 27 de outubro. As pesquisas mostram que o principal rival é Alberto Fernández, que tem como vice em sua chapa a ex-presidente Cristina Kirchner, ainda popular no país, mas acossada por vários processos judiciais.

Macri busca mostrar o pacto com a União Europeia como um grande trunfo, que pode ajudar o país a sair de uma grave recessão, num quadro de alto desemprego e inflação que chegou a superar os 50% ao ano e, embora desacelere, continua acima de 40%. Já o candidato Alberto Fernández foi reticente, dizendo que não ficava claro o benefício para o país, mas sim os prejuízos para a indústria e os trabalhadores. Analistas não garantem que o candidato oposicionista vá desistir do pacto, mas pode querer rever alguns pontos para dar mais garantias a alguns setores. Fernández inclusive já afirmou que poderá rever os acordos que Macri está firmando. Deputados da oposição formalizaram um pedido, na quarta-feira (03/07), para convocar dois ministros para explicar ao Congresso o acordo. Os líderes oposicionistas pedem clareza ao governo sobre como as indústrias e o emprego no país seriam afetados, caso a iniciativa seja confirmada. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.