11/Jun/2019

No longo prazo, o Brasil se beneficiará da guerra comercial entre Estados Unidos e China e da relação comercial estabelecida com os chineses. Mesmo que haja um acordo entre EUA e China, o que fatalmente vai acontecer, o Brasil terá benefícios na relação comercial com a China no longo prazo. A confiança, depois que se quebra, é difícil recuperar. Os agricultores norte-americanos lutaram décadas para conquistar a confiança do mercado chinês, e ela foi quebrada. O governo brasileiro deve priorizar os interesses nacionais e não preferências pessoais nas relações externas, como os comentários feitos pelo presidente Jair Bolsonaro não tão positivos sobre a China quando ele ainda era candidato.

O Brasil mantém boas relações comerciais com todo mundo e não há razão para não manter boa relação com os EUA, mas a economia brasileira é complementar à chinesa, enquanto as economias dos EUA e do Brasil são concorrentes. Quando a China compra menos produtos agrícolas dos EUA, compra mais do Brasil. O governo chinês reconhece o Brasil como um parceiro comercial estratégico. As vendas externas de soja foram responsáveis por 43% dos US$ 64 bilhões exportados pelo Brasil aos chineses. São vários mercados que poderão ser mais explorados pelo agronegócio brasileiro, como o de carnes. A demanda chinesa por carne suína e de outros tipos vem crescendo e a Peste Suína Africana, que reduziu os planteis de suínos no país, deve abrir oportunidades de exportação para o Brasil.

Para o povo chinês a carne suína é um alimento básico. A menor oferta de carne suína na China deve levar a uma substituição do alimento por outros tipos de carne, como bovina, de aves e pescado. Também há oportunidade para o Brasil aumentar suas exportações desses produtos para lá. Há, ainda, a necessidade de o Brasil promover outros produtos que hoje têm menor peso na balança comercial brasileira com a China. Milho é um deles. A China está com déficit grande de milho. Frutas são outro grande mercado para o Brasil. E no caso do café, o consumo continua crescendo entre os chineses. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.