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31/Mai/2019

Fretes: crescem investimentos em frotas próprias

Apesar da estagnação da economia, as vendas de caminhões no País somaram 29,9 mil unidades nos quatro primeiros meses do ano, alta de 43% ante igual período de 2018, sinalizando que está se consolidando um movimento de investimentos em frotas próprias, na esteira do preço tabelado do frete. Empresas como a produtora de soja e milho Amaggi, da família do ex-ministro da Agricultura Blairo Maggi, o frigorífico JBS e a fabricante de alimentos Predilecta já fizeram investimentos do tipo. A processadora de grãos norte-americana Cargill estuda desde o ano passado seguir o mesmo caminho, mas a empresa informou que ainda não tomou uma decisão, pois aguarda a posição do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a validade da tabela. O tabelamento do preço do frete foi instituído por lei em agosto, após caminhoneiros autônomos liderarem a greve que paralisou o País por dez dias e provocou desabastecimento, em maio de 2018.

A medida foi questionada no STF em três ações. Enquanto não são julgadas, vale a tabela, conforme decisão liminar da corte. Na semana passada, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entrou no STF com uma medida cautelar contra reajustes na tabela e pediu que as ações sejam julgadas logo. Um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) feito logo após a instituição da tabela estimou que os gastos com transporte rodoviário subiram, em média, 12%. Ao longo do segundo semestre de 2018, as vendas de caminhões foram crescendo mês a mês. Tanto que, em 2018, somaram 76,4 mil unidades no País, alta de 46,8% ante 2017, conforme os números de emplacamentos compilados pela Fenabrave, entidade que representa concessionárias vendedoras de veículos. A única explicação plausível para a continuidade do crescimento nas vendas de caminhões é o interesse das empresas em investir frotas próprias.

Isso porque a atividade está estagnada não só na economia como um todo, como o fluxo de caminhões nas rodovias com pedágio, calculado pela ABCR, entidade que representa as concessionárias, está parado o início de 2018. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Usuários de Transportes (Anut), o investimento em frotas próprias é um movimento natural e generalizado, embora as estratégias das empresas variem caso a caso. Não é um movimento isolado, pois houve casos, dependendo do valor agregado do produto transportado, em que o tabelamento duplicou ou até triplicou o custo do frete. Nesse quadro, as empresas buscam opções. Uma pesquisa feita pela consultoria Integration com 27 grandes companhias, cujos gastos com frete chegam a R$ 2 bilhões por ano, já havia revelado, em dezembro passado, que quase 70% das companhias estavam estudando estratégias diferentes para transportar suas mercadorias.

Em alguns casos, as empresas recorrem a outras modalidades de transporte, como a cabotagem (movimentação de cargas por navios dentro de um mesmo país) e as ferrovias. Em outros casos, compram ou alugam caminhões. Mesmo que os investimentos em frotas não levem 100% do transporte de cargas para dentro da companhia, movimentam as compras de caminhões, que ainda podem ser financiados. Há também os casos em que a frota própria pode oferecer mais segurança e evitar danos à imagem da empresa. Os exportadores, por exemplo, correm o risco de perder clientes internacionais quando não entregam uma carga no prazo estipulado em contrato. A Amaggi, por exemplo, tem experiência na gestão de logística própria. Em novembro passado, a companhia anunciou a compra de 300 caminhões da Scania. À época, a montadora sueca informou que tinha outras 400 encomendas, de clientes variados. Em julho do ano passado, o frigorífico JBS confirmou a compra de 360 caminhões após a greve dos caminhoneiros.

No caso da fabricante de alimentos Predilecta, a elevação do custo de frete acelerou a estratégia de manter frota própria, que já fazia sentido econômico antes mesmo da greve. Após o movimento que parou as estradas em maio do ano passado, a empresa já comprou 15 caminhões. Com a tabela de preços, o frete terceirizado ficou de 20% a 25% mais caro. Hoje, a empresa tem 180 caminhões e pretende ainda chegar a 200, porém, o plano de investimentos na frota está suspenso, por causa da estagnação da economia, que afetou as vendas. Com os 200 caminhões, a Predilecta terá condição de transportar 80% de sua carga. Segundo o diretor da empresa, a estratégia faz sentido porque permite otimizar a logística, já que os caminhões que entregam produtos em todo o País podem voltar carregados de matéria-prima, como tomate e milho, por exemplo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.