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23/Mai/2019

Diversos setores cortam as projeções para 2019

As sucessivas reduções na projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 forçaram diversas associações empresariais a também cortarem suas estimativas de desempenho. Em alguns setores, a atividade no curto prazo já começa a mostrar estagnação ou até mesmo sinal de recuo na atividade dos últimos meses. O quadro anêmico reflete a falta de clareza sobre o andamento de reformas, a queda na confiança de empresários e consumidores, a escassez prolongada de investimentos e a elevação do desemprego. Considerado um dos termômetros da atividade, a produção de papel ondulado (usado em inúmeras embalagens em todos os setores da economia, da indústria ao varejo) é um símbolo dessa sequência de frustrações. No fim do ano passado, a Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO) previa crescimento de 3% nas vendas em 2019. Em fevereiro, já com a temperatura mais morna, a entidade cortou a previsão para praticamente a metade: 1,7%. Hoje, o setor já considera nova redução para 1%.

Exatamente ao contrário da expectativa de crescimento para o ano, o setor de papel ondulado amarga até contração nos indicadores mais recentes. A expedição das indústrias nos quatro primeiros meses do ano caiu 0,28% na comparação com igual período do ano anterior. Situação parecida vive a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat). Nos primeiros quatro meses do ano, a atividade do segmento recuou 0,2%, frustrando a expectativa de um avanço mais robusto. Até o momento, a projeção está mantida, mas haverá uma revisão no próximo mês. O número que deverá ser revisado para baixo prevê atualmente crescimento de 2% nas vendas em 2019. O setor siderúrgico também tem enfrentado demanda fraca para o consumo de aço, demonstrando que, apesar do otimismo que despontou entre empresários no fim do ano passado, os investimentos no Brasil permanecem em compasso de espera. O primeiro trimestre aquém do esperado levou o Instituto Aço Brasil a reduzir suas estimativas de crescimento do consumo de aço para o ano, de 5,8% para 4,1%.

Segundo o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), a demanda no setor apenas crescerá de forma sustentável quando houver retomada de investimentos. O que pode destravar isso será a capacidade do governo de resolver seus problemas. A construção civil é o setor que mais sofreu no País durante a recessão nos últimos anos. O PIB da construção encolheu 28% entre 2014 e 2018. O Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-SP) esperava que o ciclo de queda seria revertido neste ano, mas isso já não está tão claro. A projeção era de aumento de 2% no PIB setorial, mas isso estava condicionado à expansão de 2,5% no PIB nacional. É certo que a estimativa será revisada para baixo, pois as perspectivas não são boas. A aguardada retomada das obras públicas de infraestrutura ainda não ocorreu, enquanto o mercado de imóveis residenciais e comerciais segue numa recuperação vagarosa. Porém, alguns setores diretamente ligados ao consumo das famílias têm mostrado números positivos. Isso porque, a despeito da crise e do desemprego elevado, muitos brasileiros se apoiam em atividades informais para garantir a renda.

Com isso, as famílias vêm fazendo ao menos compras básicas, como alimentos, produtos de higiene e vestuário, e adquirindo itens que foram reprimidos durante o período mais duro da crise, como celulares e eletrônicos em geral. Mas, se o PIB nacional não se recuperar, esses setores também serão afetados. O setor de shopping centers, por exemplo, registrou alta de 8,5% nas vendas no primeiro trimestre. O patamar é até maior do que o previsto para todo o ano, na ordem de 7%. Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), os números surpreenderam positivamente. Entretanto, é possível perceber perda de ânimo com a situação econômica e política do País. A tensão que começa a chegar até as famílias. Assim, o consumidor prefere guardar dinheiro e adiar as compras. Se a situação do País não melhorar, isso deve acabar frustrando uma parte das expectativas do setor. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.