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23/Mai/2019

Desmatamento avançando na região amazônica

Em 2018, o País registrou os maiores números de desmatamento na Região Amazônica de toda a história. Desde agosto, a devastação ilegal continua e atinge, em média, 52 hectares da Amazônia por dia. O novo problema é que os dados mais recentes, dos primeiros 15 dias de maio, são os piores no mês em uma década: 19 hectares por hora, em média, o dobro do registrado no mesmo período de 2018. Foram perdidos oficialmente em uma quinzena 6.880 hectares de floresta preservada na Região Amazônica, o mesmo que quase 7 mil campos de futebol. Esse volume ainda está próximo do desmatamento registrado na soma de todos os nove meses anteriores, entre agosto de 2018 e abril de 2019, que chegou a 8.200 hectares. Os dados foram levados ao governo, que os confirmou. São informações atualizadas do Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real (Deter), ferramenta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que fiscaliza ações de desmatamento.

Os números se referem à devastação registrada nas unidades de conservação, florestas protegidas que são administradas e fiscalizadas por órgãos como o Ibama e o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio). Uma das regiões mais devastadas é a Floresta do Jamanxim, alvo histórico de saques de madeira a partir da BR-163, que perdeu nada menos que 3.100 hectares. Normalmente, as medições oficiais são feitas de agosto até julho do ano seguinte. No período encerrado em julho de 2018, a região registrou 20.200 hectares de desmatamento, um recorde histórico. No atual ciclo, aberto em agosto e já considerando os números até 15 de maio, o acumulado hoje chega a 15 mil hectares e pode alcançar um novo recorde. O ministro do Meio Ambiente afirmou que a responsabilidade pela curva crescente do desmatamento é de governos anteriores.

Técnicos do governo observam que o grande volume de desmatamento em duas semanas pode estar ligado à meteorologia. Março e abril são de muita chuva e a maior incidência de nuvens dificulta o uso de satélites. Com o fim das chuvas, o céu se abre e a área captada cresce. As taxas da devastação, porém, referem-se exclusivamente ao desmatamento efetivado neste ano. E a questão climática vale para os anos anteriores, que registraram números menores. As fiscalizações em campo feitas por agentes do Ibama e ICMbio na região continuam em andamento, mas o número de multas diminuiu. Entre 1º de janeiro e 15 de maio deste ano, o Ibama emitiu 850 multas, 35% menos do que no mesmo período do ano passado, quando foram 1.290. No ICMBio, entre 1º janeiro e 15 maio, seus agentes emitiram 317 multas na região, praticamente metade do aplicado no mesmo intervalo de 2018.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) não comenta a redução. Mas, o presidente Jair Bolsonaro tem criticado regularmente o que chama de “indústria das multas”. Em janeiro, o MMA acabou com o Departamento de Florestas e Combate ao Desmatamento, que funcionava dentro da pasta desde 2007. O órgão tinha 15 servidores e estava ligado à Secretaria de Mudanças do Clima e Florestas. A justificativa do ministro do Meio Ambiente para os dados oficiais de desmatamento foi rebatida por seu antecessor no MMA. Segundo o ex-ministro Sarney Filho, não há surpresa nessas informações e sim tristeza. Ainda segundo ele, quando um governo resolve desmoralizar os agentes do Ibama, desmontar o ICMBio e acabar com as unidades de conservação, ele está dando o sinal verde para o desmatamento. Ele afirmou que não é possível diminuir os índices se os instrumentos criados para combater esses crimes estão sendo desmontados pelo discurso e pela ação concreta do governo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.