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07/Mai/2019

Exportações: Brasil lucra com a guerra comercial

A guerra comercial entre Estados Unidos e China acabou por beneficiar exportadores brasileiros. No ano passado, o Brasil aumentou em US$ 8,1 bilhões as vendas para o mercado chinês, aproveitando que os produtos norte-americanos ficaram mais caros no país asiático. O repentino aumento de competitividade do Brasil nesses itens ajudou a impulsionar as exportações para a China, que bateram recorde no ano passado. A China é o principal destino dos produtos brasileiros no exterior há anos. Em 2018, foram exportados para o país asiático US$ 64,2 bilhões, um salto de 35% ante o ano anterior. Metade desse crescimento veio do aumento nas vendas de produtos que antes sofriam mais pesadamente com a concorrência norte-americana, segundo estudo feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Como reação às barreiras impostas à China por Donald Trump, que começaram a vigorar em julho do ano passado, o governo chinês elevou a tarifa de importação para produtos norte-americanos. Em mais de 100 deles, a taxa subiu para 25%, antes variavam de 3% a 13%. Para verificar se o Brasil aproveitou a oportunidade e onde saiu ganhando, a CNI cruzou os dados dos 382 bens norte-americanos que sofreram sobretaxa com a pauta de exportações do Brasil para a China. Houve ganho em diversos setores, mas a soja se destacou. Os embarques do produto dispararam e as vendas aumentaram 35% em relação ao ano anterior. Só desse item vieram US$ 7 bilhões a mais em exportações para o mercado chinês. Sem saber como ficaria o comércio com os Estados Unidos, os compradores chineses também anteciparam as encomendas, o que acabou por beneficiar outros produtos e setores.

Foram quase US$ 600 milhões a mais em embarques de carne bovina, o produto mais vendido depois da soja. Também tiveram alta embarques de produtos como milho, algodão, suco de laranja e caixas de marcha para veículos, entre outros. A alta nos pedidos da China ajudou a empurrar as exportações brasileiras no ano passado, que somaram no total US$ 239,5 bilhões, mas o ganho poderia ter sido maior. Logo que o aumento nas tarifas foi anunciado, a CNI estimou que havia potencial de crescimento de até 77% nas vendas para o mercado chinês. Parte dessa expectativa não se realizou. É possível tirar proveito de uma guerra comercial, mas não é viável fazer um planejamento estratégico pensando nela. Só ganha quem já está preparado e tem capacidade de aumentar rapidamente a oferta. O ganho no mercado chinês se concretizou porque a lista imposta pela China continha muitos produtos agrícolas, onde o Brasil é mais competitivo.

A safra brasileira foi muito boa e os exportadores estavam preparados. Segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o produtor brasileiro aproveitou essa janela para eliminar seus estoques. No caso dos Estados Unidos, as sobretaxas recaíram mais sobre manufaturados. Com isso, o ganho brasileiro foi bem menor por lá, de US$ 1,7 bilhão no total e boa parte veio do aumento das vendas de petróleo e derivados. Apesar de Donald Trump ter deflagrado a guerra com a China, é de interesse dos norte-americanos que os dois países cheguem a bom termo, já que a China é a maior credora dos Estados Unidos. Se a estimativa se concretizar, a janela de oportunidade para o Brasil se fecha. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.