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24/Abr/2019

Ásia: avanço de economias será favorável ao Brasil

Um processo gradual de migração do parque industrial da China para os países vizinhos na Ásia tem potencial de mudar a curva de demanda por commodities agrícolas e minerais na próxima década. Com países como Índia, Mianmar, Malásia, Paquistão, Vietnã e Indonésia crescendo, em média, acima de 5% nos próximos anos, segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), a expectativa é que o incremento na renda reaqueça a procura por alimentos e abra novas perspectivas para as exportações brasileiras. A Confederação Nacional do Agronegócio (CNA) estima um potencial de mais de 70 produtos que hoje não são comprados por esses países e poderiam ser comercializados pelo Brasil. Mirando o crescimento desses mercados, o governo tenta agora retirar os entraves logísticos nas exportações para essa área. Segundo o secretário de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, em pouco mais de 10 anos, esse ciclo resultará em um ganho significativo de renda nesses países.

O investimento em tecnologia tem um potencial multiplicador. E como esse potencial se dá em economias de Produto Interno Bruto (PIB) per capita inicialmente baixo, quando esse choque de renda é percebido, é natural que gere uma grande demanda por alimentação. A expectativa é que os países no entorno da China avancem bem acima da média global de crescimento nos próximos anos. O processo é resultado de uma especialização da mão de obra chinesa, o que empurra para fora da potência asiática atividades de menor valor agregado. Estimativas do FMI divulgadas este mês indicam uma expansão global de 3,3% este ano, enquanto o grupo denominado como ASEAN-5, composto por Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnã, cresceria 5,1%. Em 2020, o FMI projeta que a economia mundial avançará 3,6%, ao mesmo tempo em que o PIB do ASEAN-5 apresentará expansão de 5,2%. Todos os grandes exportadores de commodities agrícolas do mundo já estão atentos a este crescimento e têm buscado acordos com o sudeste asiático.

O Brasil está fora disso, mas o setor agro tem pedido ao governo para que negociações sejam feitas, em grupo ou individuais. A Ásia é prioridade. O governo afirma estar prestando atenção ao crescimento do grupo asiático e diz que, para otimizar o processo, o País tem que trabalhar para melhorar a logística e os gargalos de infraestrutura. É preciso melhorar logística de escoamento, ter resposta mais rápida a pedidos, discutir com a Índia para abertura do mercado agrícola, por exemplo. O secretário afirma ainda que o Brasil pode ir além criando joint ventures, por exemplo, com os Estados Unidos ou, ainda, melhorar a logística por meio de investimentos em parceria com países vizinhos, como a construção da ferrovia bioceânica, que ligaria o Brasil ao Pacífico. O crescimento expressivo de alguns países asiáticos se dá, sobretudo, por conta da iniciativa One Belt, One Road (um cinturão, uma rota), do governo da China. A ideia por trás do plano, inaugurado em 2012, é investir em obras de infraestrutura, como ferrovias, portos e oleodutos, nos mais de 100 países parceiros.

Além disso, os embates comerciais travados entre Estados Unidos e China têm ajudado algumas economias do "cinturão chinês". A produção de eletrônicos de baixo custo tem sido feita nesses países, após a troca de tarifas entre as duas maiores economias do globo. Está havendo uma substituição de importações feitas pelos Estados Unidos. Os embarques de produtos do Vietnã para os Estados Unidos registram forte crescimento, particularmente em segmentos que se enquadram na lista de tarifas impostas pelo governo norte-americano a produtos chineses. O banco central da Malásia também vê a guerra comercial sino-americana como um fator que ajuda nas exportações de curto prazo do país para os Estados Unidos, devido à menor concorrência com produtos chineses que sofrem com tarifas norte-americanas.

O cenário econômico para a ASEAN-5 também se faz positivo, à medida que parte das reservas cambiais da China está alocada em investimentos de baixa remuneração, como os títulos públicos dos Estados Unidos, o que pode favorecer mais recursos chineses na iniciativa One Belt, One Road. À exceção da China, hoje os países asiáticos ainda têm baixa representatividade na balança agrícola brasileira. Apenas Índia, Mianmar, Malásia, Paquistão, Vietnã e Indonésia compraram menos de US$ 6 bilhões em produtos agrícolas do País ante US$ 101,7 bilhões em bens agrícolas brasileiros exportados globalmente, de acordo com dados do Ministério da Agricultura, que contabiliza apenas o agronegócio. Dos destinos listados, os mais significativos são Vietnã e Índia, sendo que a maior parte das vendas são de soja, açúcar e milho. A CNA estima que apenas para Malásia e Vietnã há um potencial de 70 novos produtos que poderiam ser exportados, entre eles lácteos e carne de frango e bovina, mas há questões tarifárias e sanitárias a serem destravadas. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.