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22/Abr/2019

Plano Safra: setor terá que convencer o governo

Daqui a dois meses, produtores brasileiros saberão como será o primeiro Plano Agrícola e Pecuário (PAP) do governo Jair Bolsonaro. Será revelado quanto de recursos haverá e a que custo para o financiamento da safra 2019/2020, que vai se iniciar oficialmente em 1º de julho. Como é de costume, após uma série de reuniões com o setor nos primeiros meses de cada ano, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) encaminha a demanda para o governo via Ministério da Agricultura. O governo recebe os pedidos, pondera e apresenta, em meados de junho, a oferta ao setor produtivo. A proposta da CNA deve ser entregue nesta semana. A entidade deve pedir ao governo prioridade aos recursos de custeio, com um custo menor e menos burocracia com o fim de exigências adicionais impostas por instituições repassadoras de crédito para a liberação do dinheiro. Outra demanda é a ampliação à contratação e ao fomento ao seguro rural.

Nas conversas com produtores, a principal demanda repassada à CNA foi a necessidade de maior volume de crédito para esses recursos liberados antes do plantio do que para investimentos e comercialização. Esse recurso a mais para o custeio viria da retomada da fatia de 34% destinada ao crédito rural sobre os depósitos à vista nos bancos. A chamada exigibilidade caiu para 30% no ano passado. Sobre os juros, a organização porta-voz dos produtores brasileiros avalia que se as taxas atuais forem mantidas, já estará bom, desde que penduricalhos, como contratação obrigatória de seguro e gastos cartorários para o registro de garantias, não sejam incluídos na tarifa. Uma coisa é expectativa dos produtores e outra é a realidade enfrentada por eles desde o início do ano. Os recursos para o pré-custeio da safra já custaram mais caro, pois foram disponibilizados pelos bancos com juros de mercado e sem subsídios do Tesouro.

E se depender dos sinais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o emissor de crédito a juros controlados para as instituições repassadoras, o cenário permanecerá. Em fevereiro, em um evento do banco BTG Pactual, o presidente do BNDES e ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defendeu o "desmame" do setor ao crédito agrícola subsidiado. Na semana passada, o BNDES suspendeu pedidos de financiamento de linhas de investimento do Moderfrota, de crédito para máquinas e equipamentos agrícolas e do Inovagro, de financiamento para investimentos em inovação no agronegócio. Os produtores terão, portanto, pouco menos de dois meses para convencer o governo a deixar de lado a política liberal e manter o suporte do Estado ao agronegócio. A realidade, até agora, mostra que o trabalho será, como na roça, muito duro. Fonte: Gustavo Porto - Agência Estado.