12/Dec/2025
O Congresso mexicano aprovou, na quarta-feira (10/12), a maior parte dos aumentos tarifários propostos pelo governo para mais de 1.400 produtos importados da China e de outros países sem acordos de livre-comércio com o México. O governo afirma que as tarifas necessárias para estimular a produção doméstica. Analistas apontam que o real motivo é a negociação em curso com os Estados Unidos, principal parceiro comercial do México. A presidente Claudia Sheinbaum tenta obter alívio para as tarifas remanescentes impostas às exportações mexicanas pelo governo Trump, que acusa a China de usar o México como porta dos fundos para o mercado norte-americano. Os aumentos tarifários do México, de até 50%, vão atingir têxteis, calçados, eletrodomésticos, veículos e autopeças, entre outros, a partir de janeiro. A China será a mais afetada, uma vez que o México importou US$ 130 bilhões em produtos chineses em 2024, montante superado apenas pelas compras vindas dos Estados Unidos.
A China criticou os aumentos tarifários quando foram anunciados, em setembro. De acordo com o Instituto Mexicano para a Competitividade, a verdadeira razão está ligada aos Estados Unidos, à revisão do USMCA que se aproxima e às negociações para obter reduções ou isenções das tarifas que o México enfrenta para acessar o mercado norte-americano". O México ainda enfrenta tarifas dos Estados Unidos nos setores automotivo, de aço e de alumínio. O México está cedendo à imprevisibilidade do presidente norte-americano, Donald Trump, e alterando sua política comercial "na direção errada". As novas tarifas criarão rupturas nas cadeias de suprimentos e podem pressionar a inflação num momento de desaceleração econômica, afetando setores como autopeças, plásticos, químicos e têxteis. O Ministério do Comércio da China apelou ao México que corrija "práticas unilaterais e protecionistas" o mais rápido possível, afirmando que aumentos tarifários anunciados pelo país latino-americano prejudicam os interesses chineses.
Embora as tarifas tenham sido reduzidas em relação ao anúncio inicial, elas ainda ferem os interesses nacionais da China. China prosseguirá com a investigação sobre barreiras comerciais e de investimento do México, aberta em setembro, após o governo mexicano anunciar planos de elevar tarifas sobre importações de bens de países sem acordo de livre-comércio com o México. A proposta inicial, voltada a fortalecer indústrias locais e substituir importações da Ásia, afetava cerca de US$ 52 bilhões em compras, informou à época o Ministério da Economia do México. O México decidiu elevar as tarifas até o teto permitido pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Os investimentos chineses no México cresceram nos últimos anos, ampliando o comércio bilateral. Mas, a enxurrada de exportações chinesas também ameaça a virada do México para a manufatura de alto valor agregado, e aumenta a pressão da administração Trump por uma postura comercial mais dura.
A China já havia advertido o México a reconsiderar os aumentos e feito ameaça de retaliação. Segundo o ministério chinês, os reajustes podem até atender à próxima revisão do acordo EUA-México-Canadá (USMCA), mas nenhum pacto deve vir às custas do comércio global ou lesar interesses legítimos da China. Nesta semana, o representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, afirmou que o USMCA poderá ganhar nova configuração após ser renegociado em 2026. A China afirmou valorizar os laços com o México e esperar que o país trabalhe em conjunto para resolver diferenças e aprofundar a cooperação. O México tem acordos de livre-comércio com mais de 50 países, incluindo o Japão. Entre aqueles com os quais não tem acordo, a China desponta como um dos maiores exportadores. Outros destaques são Coreia do Sul e Índia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.