10/Dec/2025
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) projeta que haverá incremento na produção dos principais produtos agropecuários em 2026, à exceção do algodão, da laranja e do café, em virtude de preço. O clima continua no radar dos produtores rurais com a possibilidade de ocorrência do El Niño no segundo semestre deste ano, além do La Niña que deve se estender até janeiro. É preciso monitorar para ver a intensidade do El Ninho e como ele pode afetar a produção brasileira. Para a safra de grãos 2025/2026, a CNA projeta produção de 354,8 milhões de toneladas ante 351,9 milhões de toneladas colhidas em 2024/2025. Na safra deste ano, o clima ajudou bastante e o País teve uma super safra com crescimento de 13% na produção de soja.
Para o próximo ano, pode haver uma redução no pacote tecnológico em virtude do endividamento, dos custos de produção e dos preços desses produtos que não são favoráveis, mas mesmo assim é esperada uma safra próxima a este ano. A ocorrência de La Niña de baixa intensidade atrasou o plantio em boa parte das regiões. A despeito do crescimento da safra de soja e milho, deve haver recuo na produção de arroz, pressionado pelos preços baixos o que não cobrem os custos de produção. Hoje, o preço ao produtor é de R$ 54,00 por saco de 50 Kg, enquanto o custo de produção gira em torno de R$ 63,00 por saco de 50 Kg. A margem do produtor diminuiu bastante. Nas commodities softs, a CNA vê crescimento na produção de café arábica.
Nas carnes, a confederação estima aumento expressivo na carne suína, frango, tilápia e ovos. Todos terão um incremento significativo no próximo ano, puxadas principalmente pelo aumento do preço da carne bovina. Em contrapartida, a produção de carne bovina deve recuar no próximo ano, acompanhando o cenário mundial de perspectiva de produção de 3% a 5% menor em virtude da maior retenção de fêmeas. Há uma demanda muito grande por carnes no mundo, porém uma queda na produção nos principais países produtores, inclusive o Brasil. Muitos países abateram muito neste ano e no próximo deve haver uma retenção, com isso, não vai terá abate no nível de 2025 ano e a produção de carne deve ficar em torno de 3% menor. Neste ano, o País deve concluir o ano com produção de 12,02 milhões de toneladas, alta de 1,7% ante 2024. O custo de produção na pecuária de corte aumentou em torno de 30%, com isso, a reposição ficou mais cara, ao passo que o preço subiu 22%.
Em relação à rentabilidade, deve haver achatamento das margens das principais culturas agrícolas em 2026, com aumento do custo de produção puxado pelo incremento de cerca de 20% no custo dos fertilizantes. O plantio foi feito com um dólar mais alto, que encarece o custo do insumo importado, e a colheita ocorrerá com dólar mais baixo, o que também pode apertar a margem no próximo ano. Quanto aos preços, a projeção é de "pequenos ajustes" de preços para os produtos agropecuários em 2026. Para soja e milho, deve haver ajustes de preços, sendo em torno de 15% para o milho, em virtude dos estoques mundiais. Será melhor do que neste ano, mas o custo de produção estará muito maior, em virtude dos insumos e do financiamento da produção. Para produtores com arrendamento, a situação é mais preocupante, já que muitos contratos foram firmados com preços elevados de commodities, o que deve implicar na revisão de contratos ou desmobilização de capital pelo produtor para cumprir os acordos.
A CNA projeta ainda que o Valor Bruto da Produção (VBP) deve alcançar R$ 1,57 trilhão em 2026, crescimento de 5,1% em relação à 2025. O segmento agrícola deve totalizar R$ 1,04 trilhão (+6,6%), impulsionado pelo aumento da produção de grãos. O VBP da pecuária deve atingir 2,2%, chegando a R$ 528,09 bilhões, com a bovinocultura de corte apresentando expansão de 4,7%. Para 2025, o VBP está estimado em R$ 1,49 trilhão, alta de 11,9% em comparação a 2024. O segmento pecuário deve ter avanço de 14,2% (R$ 516,52 bilhões), puxada pela recuperação dos preços da bovinocultura de corte. O agrícola deve registrar alta de 10,8%, alcançando R$ 981,30 bilhões, sustentado pelo bom desempenho das safras de soja e milho. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.