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10/Dec/2025

Maior endividamento de produtores rurais preocupa

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o principal ponto negativo para o agronegócio brasileiro neste ano foi o endividamento dos produtores rurais. A inadimplência em operações de crédito rural com taxas livres alcançou o recorde de 11,4% em outubro deste ano, ante 3,54% em igual período do ano passado. É o maior valor da série histórica. O último pico havia sido em março de 2017, com 5,9%. Os recorrentes eventos climáticos extremos dos últimos anos, a queda nos preços das commodities, a alta nos custos de produção, a falta de seguro rural, o aumento dos juros, a maior restrição dos bancos para a concessão de crédito explica o crescimento do endividamento no campo. De 2013 a 2024, foram R$ 72 bilhões de prejuízos com problemas climáticos, sendo que 57% desse valor foram perdas na agropecuária, o setor que foi mais prejudicado por problemas de clima. O preço da soja caiu pela metade em um ano, além da baixa cobertura de seguro rural.

Há uma desmontagem do seguro rural no País. A área segurada era em torno de 30% da área produzida em 2021 e deve fechar em 2025 com apenas 5% da área segurada, cerca de 3 milhões de hectares. É algo muito pequeno para proteção e mitigação de risco. A mudança na classificação de ativos problemáticos pelos agentes financeiros por meio da resolução 4.966 do Banco Central também contribuiu a deixar os bancos mais restritivos na concessão do crédito. Os bancos estão pedindo mais garantia e com a taxa de juros mais elevada, com a Selic a 15%, dificultou que muitos produtores rolassem essas dívidas mais para frente, como ocorreu em anos anteriores. Não existe "bala de prata" para resolução do endividamento do setor. Os projetos de lei de securitização e a Medida Provisória de renegociação das dívidas rurais apenas amenizam a situação. A questão do crédito não vai se resolver de um ano para o outro.

Tem crescido o uso de recursos próprios pelos produtores rurais para custeio e investimento das atividades. O investimento com capital próprio havia caído abaixo de 20% e agora voltou a crescer, justamente porque hoje as taxas de juros e as exigências de garantias estão muito elevadas. Será um ano bem desafiador. A situação crítica do endividamento não se concentra apenas nos Estados que registraram prejuízos e perdas recorrentes na produção, como o Rio Grande do Sul, mas se estende a região norte do Paraná, ao sul de Mato Grosso do Sul e a regiões da Paraíba. Outro tema que preocupa é a disparada das recuperações judiciais no campo. O mecanismo tem de ser utilizado apenas em último caso pelo produtor rural. O setor está aprendendo a usar, pois é uma ferramenta nova, porém há advogados que a apresentam como uma situação benéfica para o produtor. A lei não é ruim, mas há ajustes a serem feitos sobretudo na regulamentação das RJs e então haverá um novo panorama sobre a necessidade de alteração.

A Bayer CropScience para a América Latina diz que o ponto de atenção para o mercado em 2026 será o endividamento do produtor rural. Há um alto nível de endividamento, principalmente em algumas regiões. Isso, sem dúvida, traz uma certa complexidade para o mercado e esse cenário persistirá em 2026. Apesar de algumas variáveis que possam afetar a dinâmica de preços no mercado, para o próximo ano há otimismo, apesar do endividamento e da eleição, o que traz muita imprevisibilidade e volatilidade. O clima em 2025 favoreceu a produção de grãos em vários países, mas os preços das commodities ainda não se recuperaram. No ano passado, houve problemas climáticos não só no Brasil, mas na Argentina e México. Agora, se vê safras recordes. No entanto, há preocupação com os preços das commodities, que ainda não se recuperaram. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.