09/Dec/2025
Segundo o FGV Bioeconomia, a sustentabilidade ganhou centralidade no agronegócio, mas a distância entre intenção e prática continua grande. Vitrines como a Agrizone da COP30 só têm valor se refletirem mudanças reais no campo. É preciso financiamento escalável, segurança jurídica e métricas que reflitam a agricultura tropical. As maiores distorções são metodológicas, já que o País ainda é avaliado por “réguas temperadas”. Pelas métricas atuais, as emissões da soja aparecem 90% maiores do que quando se considera o balanço real, com sequestro de carbono. Além disso, faltam crédito acessível e inclusão de pequenos e médios produtores no processo. Os avanços do Cerrado resultam de décadas de ciência, o que reforça a urgência de tropicalizar parâmetros internacionais. Sem um marco regulatório claro, o País continuará tentando provar o que já faz. É preciso dados públicos acessíveis, Medição, Reporte e Verificação (MRV) robusto e políticas baseadas em ciência.
A eficácia das políticas públicas depende de segurança institucional e previsibilidade. Política definida só por visão política não gera estabilidade. O agro brasileiro é um “atleta de alta performance: sem insumos adequados, perde eficiência.” No crédito, o setor financeiro vem avançando, afirma o Banco do Nordeste. Já existem linhas com prazos longos e até 12 anos de carência para recuperação ambiental. O entrave está fora do banco: regularização fundiária, pendências ambientais e insegurança jurídica. Não adianta ter dinheiro se o produtor não sabe como vai comercializar, se a área tem problemas ou não consegue regularizar o Cadastro Ambiental Rural (CAR). O apetite por projetos sustentáveis é cada vez mais presente. Do lado das empresas, há iniciativas em operação. A Yara Brasil cita soluções digitais para aplicação eficiente de fertilizantes e o modelo de economia circular baseado em biometano obtido de resíduos da cana-de-açúcar, ambos fortalecidos pelo cooperativismo.
A empresa reduziu até 40% das emissões do fertilizante na xícara de café quando atua em cadeias colaborativas. A PepsiCo iniciou um piloto global na cadeia do milho voltado à produção de Doritos com agricultores que, no Brasil, cultivam 1,7 mil hectares. O programa mede impactos no solo, emissões e captura de carbono. O produtor será remunerado pelo impacto. Sem compartilhar risco, não é possível escalar agricultura regenerativa. Apesar dos desafios e gargalos, o Brasil já reúne boas práticas que precisam ser melhor apresentadas no exterior, disse a ApexBrasil. A comunicação é central para corrigir percepções e mostrar o desempenho da agricultura tropical. O mundo desconhece o que o Mato Grosso produz, desconhece nossas tecnologias e práticas sustentáveis. Reputação e credibilidade dependem de comunicar o que o Brasil já faz. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.