05/Dec/2025
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revisou o Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário em duas janelas: do primeiro trimestre de 2025 ante o quarto trimestre de 2024, e do segundo trimestre de 2025 ante o período imediatamente anterior. Segundo o Daycoval, o desempenho da agropecuária, que mostrou crescimento de 10,1% no comparativo interanual do terceiro trimestre, foi a maior surpresa entre os números do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados nesta quinta-feira (04/12). O agro realmente veio muito forte, variando mais de 10% na comparação interanual e gerando uma pressão positiva na comparação trimestral. O bom desempenho do campo é explicado principalmente pelas produções de milho e laranja. A indústria extrativa também mostrou desempenho bem acima do esperado, principalmente em função de petróleo e gás. Por outro lado, os componentes do PIB mais sensíveis à política monetária, ou seja, que sofrem mais com os juros altos, apresentam desaceleração muito forte.
O crescimento do consumo das famílias, de 0,4% no comparativo interanual, veio abaixo da expectativa. Parece que os efeitos da política monetária restritiva estão sendo sentidos. Segundo a AgResource Brasil, o avanço de 0,4% do PIB da agropecuária no terceiro trimestre de 2025 ante o segundo trimestre confirma um período de estabilidade após o pico operacional do início do ano. Na comparação anual, o crescimento de 10,1% reflete um ambiente mais favorável do que 2024, quando a atividade enfrentou problemas climáticos e compressão de margens. A pecuária segue como principal vetor de sustentação do setor neste ano. A pecuária continuou segurando o desempenho, com mais oferta de animais terminados, melhoria das pastagens e preços mais firmes ao produtor. Nos grãos, o destaque é a recuperação de produtividade como elemento relevante para o resultado do trimestre. A produtividade voltou a crescer e isso elevou o valor adicionado.
Para o quarto trimestre, a AgResource avalia que o ritmo tende a se manter positivo, mas de forma mais moderada. O quarto trimestre costuma ser mais leve em termos de atividade agrícola, e alguns segmentos já operam próximos do limite. Por isso, o avanço deve continuar, mas em ritmo menor. A expectativa é de que o setor encerre 2025 com alta consistente, sustentada pela normalização da produtividade e pelo bom desempenho da pecuária. O PIB da agropecuária deve fechar o ano com um crescimento consistente, apoiado pela pecuária, pela recuperação da produtividade e pela normalização do mercado de commodities. Também há uma leve melhora no ambiente macroeconômico. A consultoria MBAgro avaliou que a safra de milho foi o principal motor do resultado do PIB da agropecuária no terceiro trimestre de 2025. Os grãos puxaram muito o resultado, os números do milho foram muito bons. A 2ª safra de 2025 foi recorde. A recuperação de outras culturas também contribuiu, ainda que com menor intensidade.
A laranja ajudou, com um resultado muito melhor do que no ano passado, que foi ruim. A cana-de-açúcar, em compensação, ficou entre os poucos destaques negativos no trimestre. Os números do PIB Agro consideram apenas a produção física, o que explica a distância entre os dados e a percepção de parte do setor. Tem essa dicotomia: o PIB cresce 10%, mas os produtores estão reclamando e há recorde de recuperações judiciais. Para o quarto trimestre de 2025, a projeção é de um movimento mais moderado, típico do período de entressafra das principais culturas. Mesmo assim, a estimativa é de uma variação próxima em comparação com o ano passado, talvez um pouco acima, puxado pelas carnes. O ciclo pecuário ainda não deve influenciar o PIB no curto prazo, já que os abates continuam firmes. Com a volta das chuvas, porém, o pecuarista pode começar a reter mais bovinos, efeito que deve aparecer de forma mais clara apenas em 2026, para quando é esperada a consolidação da mudança do ciclo pecuário.
Segundo a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), o avanço de 0,4% do PIB da agropecuária no terceiro trimestre ante o segundo trimestre e a alta de 10,1% na comparação anual confirmam a contribuição do setor para sustentar a atividade econômica mesmo com margens pressionadas. O PIB do Brasil perdeu força, mas o agro sustentou o crescimento. Esse resultado mostra a força produtiva do setor. É reflexo de uma supersafra de grãos e do excelente desempenho da pecuária, que manteve produção e exportações em níveis elevados. É um sinal de resiliência mesmo em ambiente de margens apertadas. O desempenho trimestral foi determinado pelo salto produtivo após a safra recorde e pela recuperação de culturas que haviam sido afetadas por eventos climáticos nos últimos ciclos.
A pecuária teve um ano excepcional, com produção e exportações fortes, inclusive superando efeitos das tarifas impostas pelos Estados Unidos. A combinação compensou a sazonalidade típica do terceiro trimestre. Para o fechamento de 2025, a oferta agrícola seguirá elevada, com desempenho físico positivo, mas rentabilidade ainda pressionada. Tudo indica que será um ano robusto em produção, mas desafiador em renda. O produtor enfrenta preços baixos, crédito restrito e custos elevados. O cenário reforça a necessidade de medidas estruturais: ampliar o acesso ao crédito, melhorar o ambiente de negócios e fortalecer a competitividade. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.