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03/Dec/2025

Crédito Rural: BB espera redução da inadimplência

Após a inadimplência do agronegócio atingir o recorde de 5,34% do total da carteira de crédito do setor ao fim do terceiro trimestre deste ano, o Banco do Brasil espera começar a ver redução do indicador de atrasos em pagamentos de operações ainda neste ano. A expectativa é de que a partir de dezembro, com as renegociações de crédito rural, haja um arrefecimento nesses números. O fato de ter demorado mais tempo que esperado para iniciar o processo de operação tardou um pouco nessa perspectiva. Em outubro, o indicador, que mensura atrasos superiores a 90 dias, ficou similar ao verificado ao fim de setembro, em virtude de as renegociações terem iniciado efetivamente somente no fim daquele mês. Em outubro, foi vivenciada a inadimplência que ocorreu em setembro. Portanto, ainda terá uma inadimplência elevada em outubro.

Em novembro, os números ainda não foram fechados, e a expectativa é de que haja estabilidade no crescimento, talvez em patamar menor de crescimento. A inadimplência da carteira de agronegócio pressionou o desempenho do banco nos últimos trimestres, levando à queda expressiva nos resultados. Parte da inadimplência vai para a provisão (de ativos problemáticos), sobre a qual há um processo posterior de recuperação de crédito, mas neste momento ela impacta diretamente o balanço do banco. O aumento da inadimplência do agronegócio levou a trimestres mais "estressados", mas a previsão é de melhora a partir do quarto trimestre deste ano com inflexão da inadimplência a partir do primeiro trimestre de 2026. De forma geral, o que foi apresentado no terceiro trimestre se mantém na mesma linha com o que foi divulgado.

O aumento da inadimplência nos financiamentos relacionados ao setor agropecuário se espelha na maior parte das instituições financeiras e reflete a conjuntura atual do agronegócio. O agro tem um peso na carteira do Banco do Brasil maior do que o agro tem na carteira de outros bancos. A carteira de agronegócio do Banco do Brasil somou R$ 398 bilhões ao fim de setembro, dados mais recentes, o que representa um terço da carteira total de crédito do banco. Atualmente, o atraso nos pagamentos de parcelas de crédito rural é concentrado, sobretudo, em operações de taxas livres, aquelas sem taxas subsidiadas pelo Tesouro. A disparada na inadimplência do setor está atrelada a uma conjuntura de fatores que pesaram com maior intensidade sobre determinadas cadeias e perfis de produtores. Não é uma situação generalizada do agro. Logicamente, como atinge produtores de maior porte, o impacto econômico passa a ser maior.

Seis elementos que ajudam a explicar o atual panorama do setor e afetam os produtores individualmente ou de forma conjunta. Um deles é o aumento da alavancagem dos produtores entre 2020 e 2023, impulsionados por um ciclo de preços remuneradores de commodities e taxas atrativas de juros. Com a queda dos preços dos produtos agrícolas nestes dois últimos anos, produtores tiveram a capacidade de pagamento dos compromissos anteriores comprometida. Outro fator foram os eventos climáticos extremos que afetaram lavouras no Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, o que demandou a necessidade de prorrogações de dívidas pelos produtores rurais. Seja pela enchente, seja pela seca, há produtores pagando uma ou duas dessas parcelas prorrogadas somada a uma Selic mais alta nesse período, com taxas livres ficando em média de 18% a 20% hoje.

O arrendamento com custos elevados acordados pelos produtores durante o período de maior rentabilidade nos anos de 2020 a 2023 também pesa no fluxo de caixa dos produtores. A inadimplência verificada em produtores arrendatários é quase o dobro da inadimplência verificada em produtores que possuem a terra. Um sexto que explica o crescimento da inadimplência no agronegócio é o investimento por produtores em atividades fora do setor, o que diminuiu a disponibilidade de recursos próprio e fez com que eles demandassem mais crédito privado a custos maiores. Quando são somados todos esses fatores se verifica que o problema central não é um problema de rentabilidade, porque a rentabilidade na maior parte das atividades agropecuárias está próxima dos níveis históricos bem como os preços estão próximos do patamar histórico.

A conta é mais apertada porque neste momento ele tem de pagar muitos compromissos e maiores do que a sua capacidade. Há produtores com combinação de dois, três a quatro desses fatores, o que reduz a capacidade de pagamento das dívidas e a liquidez. O restante da carteira, a grande maioria dela, está super bem. Portanto, não é uma situação que afetou igualmente todos os produtores de todas as atividades, mas teve um peso num banco, como o Banco do Brasil, que um terço da sua carteira é do agronegócio. A entrada em vigor da resolução 4.966/2021 do Banco Central sobre a provisão de ativos problemáticos integra ainda essa equação para disparada da inadimplência no Banco do Brasil.

Além de buscar renegociar as dívidas dos produtores inadimplentes, o banco vem monitorando financiamento a financiamento. Isso vai desde um olhar mais apurado sobre cada financiamento, sobre a fluidez dos setores e sobre regiões com perdas recorrentes na produção que podem gerar um endividamento maior, ao aperfeiçoamento no modelo de análise de risco até a exigência de garantias mais robustas. Em outra frente, o banco faz uma busca ativa de clientes ainda adimplentes, mas com sinalizações de que podem apresentar dificuldades de pagamento dos financiamentos para se antecipar a um eventual atraso no pagamento. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.