19/Nov/2025
Uma parceria da Petrobras com a Shell vai investir em torno de R$ 100 milhões para estudar a captura de carbono em todos os biomas brasileiros. O projeto Carbon Countdown vai pesquisar não só a capacidade da vegetação sequestrar carbono acima da terra e embaixo do solo, nas raízes dessas plantas. O projeto será lançado no dia 12 de dezembro no Rio de Janeiro. O estudo é importante porque vai atualizar a base científica de quantificação de carbono na vegetação e no solo de todos os biomas brasileiros. O estudo é essencial para dar subsídios científicos às metodologias de certificação de carbono.
Com essa base científica atualizada com informações em centenas de pontos de coleta, a expectativa é que as certificadoras considerem valores mais condizentes com a realidade dos biomas brasileiros. As metodologias usadas pelas certificadoras internacionais são, muitas vezes, baseadas em referências de floresta que não é floresta tropical. A busca é por rigor científico, para que as certificadoras possam usar essa literatura científica nas suas certificações. Faz todo sentido a petroleira investir em um estudo dessa natureza.
A Petrobras entende o mercado de carbono como um instrumento relevante no processo de descarbonização da economia brasileira. O Brasil tem nas florestas o seu maior desafio por conta do perfil de emissões do País. Então, apoiando a agenda de florestas, apoiará a trajetória de descarbonização do Brasil. A estatal ainda não tem uma definição sobre a contribuição dos créditos de carbono para o cumprimento da meta da companhia de ser net zero em 2050. Mas, com o programa Profloresta+, o objetivo é contar com créditos de alta integridade no cumprimento da meta e participar da formação desse novo mercado.
Sobre o Profloresta+, a Petrobras avalia o alongamento do prazo do primeiro edital do programa Profloresta+, lançado em 10 de novembro. O edital foi lançado na COP30 e houve pedido de aumentar o prazo. O prazo final do edital é 10 de dezembro. O Profloresta+ vai mobilizar 15 milhões de crédito de carbono, o triplo do primeiro edital. O edital impõe algumas condições. Uma delas é que a licitante não pode ofertar mais do que 3 milhões de créditos individualmente. O Profloresta+ foi desenvolvido em uma parceria entre BNDES e Petrobras. O valor do primeiro leilão é de R$ 450 milhões. O edital foi construído a muitas mãos.
Em uma consulta ao mercado aberta em março, foram absorvidas sugestões para detalhes técnicos como sobre a curva de entrega de créditos pelo desenvolvedor à Petrobras. A ideia do Profloresta+ partiu do BNDES e o objetivo foi reproduzir o que foi feito na construção do setor de energias renováveis. O banco chamou a Petrobras e explicou que a energia eólica e solar, nos anos 2000, eram mais caras que as térmicas e hidrelétricas, que os empresários não conseguiam acesso a financiamento bancário. Foi então, que o BNDES convidou a Eletrobras para criar o Proinfra.
Assim como no Profloresta+, a empresa garante a compra do produto dos empresários do setor nascente, o BNDES financia o empresário e o projeto sai do papel. Com esse contrato na mão, o empresário já sabia quanto ia vender, para quem e a que preço. O mesmo acontece no Profloresta+. Com o programa, o empresário consegue construir o seu projeto, obter financiamento do BNDES, e o banco tem o contrato com a estatal como garantia. O Profloresta+ é o Proinfra das florestas. O BNDES, afirmou que é muito importante ter uma empresa sólida e respeitada para comprometer um volume significativo de recursos.
Essa estrutura permite que o programa tenha previsibilidade, institucionalidade e transparência no processo. Com o Profloresta+ foi possível avançar em alguns pontos como preço transparente e fluxo financeiro pré-acordado ao longo do processo de implementação. O superintendente do BNDES, responsável pelo Fundo Amazônia, Fundo Clima, Agenda de Biodiversidade, Florestas Nativas e Oceanos, afirmou que não gosta do termo voluntário quando se fala do mercado de crédito de carbono.
A terminologia “voluntário” não quer dizer sem regras, anárquico. Estão sendo criadas regras para mercado de crédito de carbono de restauração florestal com alta integridade. O Profloresta+ contou com o apoio técnico do Nature Investment Lab (NIL), uma iniciativa criada para promover soluções baseadas na natureza desenvolvendo modelos de negócios replicáveis e apoiando estruturas financeiras inovadoras para projetos no Brasil. Também teve o apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Agroícone, Imaflora, escritório de advocacia Mattos Filho. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.