18/Nov/2025
O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou que o governo trabalha com alívio gradual do custo de vida a partir de 2026, combinando redução de tarifas sobre alimentos importados e cortes de impostos para trabalhadores. Ele também disse que a proposta do presidente Donald Trump de enviar pagamentos de US$ 2 mil aos norte-americanos depende de aprovação do Congresso. As declarações foram dadas dois dias depois de Trump anunciar cortes tarifários para carne, café, cacau e frutas. A medida afeta exportadores brasileiros que haviam sido atingidos pelas tarifas recíprocas de 10% em abril e por uma sobretaxa adicional de 40% em agosto. O tarifaço é apontado pela imprensa norte-americana como um dos fatores de desgaste político do governo em eleições estaduais recentes. Trump afirmou que pretende usar a arrecadação tarifária para financiar os cheques de US$ 2 mil.
A viabilidade é contestada. O Comitê para um Orçamento Federal Responsável estima custo de cerca de US$ 600 bilhões, o dobro da receita tarifária projetada para 2025. Até setembro, os Estados Unidos haviam arrecadado US$ 195 bilhões em tarifas; economistas esperam cerca de US$ 300 bilhões no próximo ano. Bessent rebateu críticas de que os cortes seriam uma resposta emergencial à alta de preços. Segundo ele, as reduções anunciadas na sexta-feira (14/11) são resultado de meses de negociações com países da América Central e da América do Sul. O secretário também comentou a previsão de que o preço da carne moída possa chegar a US$ 10,00 por libra (cerca de R$ 110,00 por Kg) até o terceiro trimestre de 2026. Ele afirmou que parte da pressão vem do reaparecimento de uma enfermidade já eliminada nos Estados Unidos. Para evitar risco sanitário, o governo suspendeu importações de carne bovina do México.
Bessent vinculou o problema à entrada de trazidos por imigrantes vindos da América do Sul. Ao tratar da inflação, Bessent afirmou que o governo Trump “herdou uma inflação terrível”, mas disse ver sinais de desaceleração. Segundo ele, preços de energia e juros já recuaram. A estratégia agora é combinar queda gradual dos índices com aumento da renda disponível. O secretário destacou isenção de imposto sobre gorjetas, horas extras e benefícios da Previdência Social norte-americana, além da possibilidade de deduzir juros de financiamentos de carros produzidos nos Estados Unidos. “Eu esperaria que nos dois primeiros trimestres a curva da inflação se incline para baixo e a renda real acelere substancialmente”, afirmou. Ele disse que, quando essas duas linhas se cruzarem, os norte-americanos devem sentir melhora no orçamento doméstico.
Na avaliação do analista político e professor de Relações Internacionais da FGV-SP, Oliver Stuenkel, o espaço para a continuidade de uma política tarifária agressiva por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está cada vez menor. A persistente inflação nos Estados Unidos tem minado a popularidade do presidente norte-americano e, por isso, há pouca margem para seguir impondo tarifas a parceiros comerciais. Isso não quer dizer que ele vai encerrar as tarifas, mas que a tendência política é para relaxar algumas dessas tarifas que evidentemente têm alimentado bastante a inflação. Esse quadro já faz alguns deputados do partido Republicano temerem por uma derrota significativa nas eleições de meio de mandato (“midterms”) no ano que vem. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.