17/Nov/2025
Um dos principais itens na agenda da COP30, a adaptação (políticas para diminuir o impacto do aquecimento global) enfrenta um impasse. Nas negociações, países discutem parâmetros que definam a Meta Global de Adaptação (GGA). Reuniões tensas já tiveram divergências quanto aos indicadores e ao prazo. As discordâncias envolvem árabes, africanos e latino-americanos, e têm como pano de fundo o embate recorrente sobre financiamento que opõe países pobres e desenvolvidos. Segundo a LACLIMA, o aumento da mobilização de recursos para adaptação é demanda contínua dos países em desenvolvimento. Os desenvolvidos resistem à criação de compromissos robustos.
O GGA é um compromisso assumido pelos países em 2015 no Acordo de Paris. Contrárias ao adiamento da meta, organizações civis, como o Instituto Talanoa, entregaram aos negociadores do bloco africano uma carta para tentar pressioná-los. “A mensagem de Belém deve reafirmar que a adaptação é urgente - as vidas latino-americanas não podem esperar mais”, diz o documento. O Grupo Africano de Negociadores que, aliás, propôs o GGA em 2013, tem defendido estender o trabalho técnico por mais dois anos e adiar a decisão final para 2027, o que preocupa parte dos países e observadores. Os africanos têm se mostrado descontentes com os indicadores apresentados, argumentam que alguns não estão claros e precisam de maior refinamento.
Os africanos temem que os indicadores sejam de alguma forma vinculados ao financiamento para adaptação às mudanças climáticas, na prática, seria uma “armadilha” para apontar o dedo para esses países e negar transferência de recursos. Para países latino-americanos, porém, é determinante que a definição da nova meta seja feita em Belém, sobretudo por causa de eventos extremos recentes. Outro grupo que oferece obstáculos é o dos países árabes. Nas últimas conferências, eles têm usado o debate sobre adaptação como um tipo de “moeda de troca” para barganhar em outros tópicos, como em mitigação, que envolve a redução de emissões, e a transição energética.
Grandes produtores de petróleo, eles travam recorrentemente negociações que têm algum tipo de impacto no uso de combustíveis fósseis. Países em desenvolvimento têm buscado incluir menção ao financiamento no texto sobre a GGA. Nesse aspecto, os blocos africano e latino-americano têm concordado, fazendo coro à demanda de triplicar o financiamento até 2030. Nações desenvolvidas se opõem, argumentando que a discussão sobre o financiamento para adaptação deve ser colocada em outra esfera. Segundo o regime de clima da ONU, nações ricas devem financiar medidas para que os países pobres consigam atravessar a crise climática. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.