14/Nov/2025
Pela primeira vez na história das COPs, os Estados Unidos não enviaram uma delegação oficial para a conferência climática da ONU. A ausência não é uma surpresa: o presidente norte-americano Donald Trump nega o aquecimento global e anunciou em março a retirada do país do Acordo de Paris, que prevê medidas contra a crise climática. Com o governo federal de fora, líderes locais norte-americanos, como governadores e prefeitos, têm tentado manter o país de alguma forma nas discussões. Mais de 100 deles vieram ao Brasil para o fórum de prefeitos e governadores, no Rio de Janeiro, e para a Cúpula do Clima em Belém, a COP30.
Estudos mostram grande potencial de gestores locais no corte de emissões de gases de efeito estufa e na articulação de políticas focadas, como de adaptação urbana para a realidade climática, com tempestades severas e ondas de calor. Entre eles, os governadores da Califórnia, Gavin Newsom, e do Novo México, Michelle Grisham, participaram na quarta-feira (12/11), de eventos nos pavilhões dos países e de negócios da COP30. Ambos são do Partido Democrata, de oposição a Trump. Enquanto caminhava pela Zona Azul, onde ocorrem as negociações climáticas, Newsom era rodeado por seguranças e jornalistas que tentavam perguntar sobre a ausência dos Estados Unidos na COP.
“Estou representando meu Estado e os Estados Unidos, porque a administração federal não está presente. Estou aqui para afirmar clara e enfaticamente que a Califórnia é uma parceira estável com políticas consistentes”, disse. “O movimento ambiental moderno remonta ao então governador Ronald Reagan, um republicano (que depois virou presidente). Nossa liderança foi legislada por um então presidente republicano chamado Richard Nixon. Tem sido estendida por administrações democratas e republicanas. Não é ideológico. Três quartos dos californianos estão do lado deste debate”, disse ele, que conversou com a ministra brasileira Marina Silva pelos corredores.
À frente do Estado que lidera a ação climática no país, o político descreveu a ausência de representação oficial como “desgraça”. Chamou de burra a postura de Trump no enfrentamento à crise climática e defendeu o investimento em energias renováveis, enfatizando o viés econômico e o domínio da China nesse mercado. Os dois governadores integram uma aliança de 24 Estados (a U.S. Climate Alliance) que seguem investindo na ação climática e buscando entregar resultados apesar dos retrocessos federais, e respondem pela maioria da população norte-americana. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.