14/Nov/2025
O calor extremo derrete geleiras, provoca incêndios, destrói florestas. Ameaça, também, a espécie humana. Segundo a Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima), vinculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), inúmeros artigos científicos atestam, por exemplo, que a degradação ambiental, associada às mudanças climáticas, estão na origem do aparecimento de mais de 30 novos patógenos só nas últimas três décadas. Entre os exemplos de problemas mais conhecidos, estão o ebola, a gripe aviária, a síndrome respiratória do Oriente Médio (Mers), a febre do Vale Rift, o zika vírus e o próprio coronavírus. Seca na Amazônia e inundação no Sul são sintomas mais do que evidentes de um planeta doente. Em 2015, o Acordo de Paris definiu 1,5°C como limite no aumento da temperatura. Cinco anos depois, a onda de calor já tinha subido 1,2°C acima dos níveis pré-industriais. E não se trata de escolher “o menos pior”.
Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), ondas de calor e de frio extremo são igualmente graves e podem levar à morte. Uma causa desidratação, e a outra, hipotermia. No geral, o aquecimento global pode causar doenças cardiovasculares, respiratórias, infecciosas, dermatológicas e mentais. Entre essas doenças, duas em particular preocupam os ambientalistas: as infecciosas, como dengue, malária e leishmaniose, e as respiratórias, como asma, bronquite e câncer de pulmão. As infecciosas são agravadas pela proliferação dos agentes transmissores, como o Aedes aegypti (quanto mais alta a temperatura, menor o tempo de incubação do vírus no mosquito), enquanto as respiratórias têm a ver com a piora na qualidade do ar (o dióxido de carbono, de todos os gases de efeito estufa, é o mais prejudicial à saúde).
Nove em cada dez pessoas vivem em regiões do planeta em que os níveis de poluição do ar são mais altos do que os recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Para piorar a situação, famílias inteiras, sem condições de sobreviver em seu local de origem, se veem obrigadas a fugir para outros países. Se providências urgentes não forem tomadas, ambientalistas estimam que, em 2050, 143 milhões de refugiados climáticos serão obrigados a sair de suas casas e migrar para outras regiões: 86 milhões na África Subsaariana, 40 milhões na Ásia Meridional e 17 milhões nas Américas Central e do Sul. O aumento médio da temperatura, somado a outros fatores, como a distribuição irregular de chuvas, e a ocorrência de eventos extremos, como secas prolongadas, também pode levar à escassez de alimentos. Segundo estimativas, a mudança climática pode aumentar o risco de fome e desnutrição para mais de 20% em 2050.
Em meio aos extremos climáticos, haverá cada vez mais pessoas idosas, que têm capacidade de adaptação diminuída pelas alterações hormonais e mudanças na composição corporal (menos músculos e água, mais gordura) naturais do processo de envelhecimento. A projeção das Nações Unidas (ONU) é de que a percentagem da população mundial com 65 anos ou mais aumentará de 10%, em 2022, para 16%, em 2050. No Brasil, a mesma base de dados indica que a taxa será de 21,9% em 2025 e de mais de 33% em 2100. Em números absolutos, isso significa 61,8 milhões de brasileiros nessa faixa etária em 2100, quase o triplo dos 21,2 milhões registrados em 2022. O envelhecimento usual tem processos que prejudicam e tornam mais lenta a termorregulação, ou seja, a adaptação tanto ao calor quanto ao frio. O idoso, por exemplo, sente menos sede. Isso por causa de uma alteração no hormônio antidiurético (que regula a quantidade de água no corpo). Também tem menos glândulas sudoríparas e sente mais frio, devido à perda muscular. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.