12/Nov/2025
O governo brasileiro vai ampliar a cobertura do Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden). Até 2026, o centro que monitora 1.133 municípios passará a 1.942 cidades. Com isso, a cobertura chegará a 70% da população brasileira. O Brasil tem sido vítima de sucessivos desastres ambientais: catástrofes como as chuvas no Rio Grande do Sul e a seca na Amazônia. Mais recentemente, entre os dias 7 e 8, três tornados atingiram o Paraná e deixaram sete mortos, mais um óbito foi confirmado na segunda-feira (10/11). A adaptação climática é uma das prioridades do governo brasileiro entre os temas a serem discutidos na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30). O convênio vai na direção de levar o que há disponível de tecnologia para as cidades.
O Cemaden é o principal órgão de monitoramento de desastres do Brasil e já viveu sucessivas crises de falta de financiamento e escassez de mão de obra. Além da ampliação do Cemaden, o governo trabalha para ofertar os dados que hoje já existem a Estados e municípios. A ideia é que usem essas informações para desenvolver políticas de adaptação à mudança do clima. Uma proposta é criar um Sistema Nacional de Informações Georreferenciadas para fornecer os dados de forma compartilhada. Atualmente, o modelo existe apenas em três regiões metropolitanas: Belém (PA), Florianópolis (SC) e Teresina (PI). Agora, o formato será expandido para todo o País. O Cemaden, que tem estações geológicas e hidrológicas, que medem tanto a parte dos alagamentos, como também o deslizamento de barreiras, vai dispor dessas estações geológicas, hidrológicas, radar meteorológico e dados.
Outra proposta que será apresentada pelo governo é a estruturação de um fundo para financiar projetos de prevenção a desastres em municípios de pequeno e médio porte, que tornem as cidades mais resilientes à mudança do clima. O ministro das Cidades, Jader Filho, afirmou que o haverá um aporte inicial de R$ 100 milhões. A ideia é mobilizar atores do setor privado para que possam contribuir. O ministro se reuniu com representantes da União Europeia para pedir apoio à iniciativa em favor das cidades brasileiras. Só que o governo ainda não tem clareza sobre o funcionamento do mecanismo, que pode até ser incorporado ao Fundo de Apoio à Infraestrutura para Recuperação e Adaptação a Eventos Climáticos Extremos (Fierce). É preciso projetos consistentes para conquistar o financiamento.
Um pacote de inovação agrícola tinha anúncio previsto, com recursos bilionários do setor privado para impulsionar adaptação à mudança do clima. A definição da meta global de adaptação é um dos itens de agenda da COP30. A expectativa é de que os países concordem em estabelecer indicadores para mensurar a adaptação em todo o mundo. No momento, cerca de cem indicadores, que passam por áreas como saúde, educação, entre outras, estão sobre a mesa dos negociadores. Assim como em outras áreas de negociação, o tópico mais sensível é a definição do financiamento para colocar em prática as medidas de adaptação. O governo brasileiro acompanha o tema com atenção sobretudo com os últimos desastres no País. O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, afirmou que “gostaria muito que essa COP fosse lembrada como uma COP de adaptação”.
Um dos maiores temores dele foi superado na segunda-feira (10/11). Temia-se que assuntos espinhosos, como financiamento climático, acabassem atrasando o início das negociações, emperrando a busca por resultados na conferência. Isso acontece porque, como as demais decisões da COP, a definição de agenda precisa do consenso. Para solucionar o impasse, a presidência da COP fez uma manobra e separou os temas polêmicos para discussão específica, paralela à pauta principal. Com isso, os tópicos relacionados ao financiamento climático, às medidas unilaterais de comércio, às metas climáticas dos países (NDC) e aos relatórios de transparência (BTR) serão abordados em consultas diretas com a presidência da COP. Os resultados dos debates sobre o tema serão levados aos países nesta quarta-feira (12/11). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.