12/Nov/2025

Apesar da pressão sobre o crédito em um cenário de juros restritivos, o Rabobank se diz confiante na meta de crescer a carteira no Brasil, de US$ 12 bilhões para US$ 16 bilhões. O banco cooperativo atua primariamente no agronegócio, que enfrenta uma onda de inadimplência e pedidos de recuperação judicial. Mas não enxerga uma crise generalizada no setor. Na América do Sul, o objetivo é aumentar a carteira de US$ 16 bilhões para US$ 20 bilhões. A queda global nos preços das commodities e uma série de eventos climáticos adversos deixaram um rastro de dificuldades entre produtores. Em setembro, a inadimplência do crédito rural com recursos direcionados em operações a taxas de mercado saltou a 10% para a pessoa física, segundo dados do Banco Central. Na pessoa jurídica, o indicador está mais controlado, a 0,8%, mas está 0,3% acima do nível observado em igual mês do ano passado.

Para o Rabobank, que opera com 1.300 clientes no segmento de rural banking e 200 no atacado no País, o quadro é menos sombrio que o de bancos focados no varejo, principalmente o Banco do Brasil. Há uma piora no ritmo de crédito, mas não o Rabobank não tem problema de calotes em seu portfólio. Ainda assim, a Selic a 15%, no maior nível em quase duas décadas, pode postergar investimentos e inspirar uma postura um pouco mais seletiva. Para lidar com o cenário, a estratégia da instituição financeira é aprofundar o relacionamento com os clientes. A perspectiva pressupõe a manutenção de um diálogo construtivo mesmo em questões mais críticas. Em particular, o banco tem expressado preocupação com o avanço de casos de recuperação judicial, que considera estar sendo distorcido.

No segundo trimestre, os pedidos de RJ no agronegócio cresceram quase 32% frente a igual período de 2024, para 565, de acordo com levantamento da Serasa Experian. O banco critica o que chama de "indústria" de RJ, que provoca incerteza jurídica para os bancos e pode pressionar o crédito. No longo prazo, isso não é bom para o setor, porque os players bons estão pagando o preço pelos players ruim que permitem esse tipo de distorção do sistema. O tarifaço dos Estados Unidos também desenha incertezas ao agronegócio, com divergências entre os setores. No entanto, o impacto total segue desconhecido, em meio a negociações para redução da sobretaxa de 50%. No momento, a base de clientes sofre um pouco, mas ainda é muito cedo para dizer por que é uma situação em evolução. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.