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12/Nov/2025

COP30: negociação de adaptação climática avança

Com catástrofes naturais cada vez mais frequentes, a adaptação climática é uma necessidade urgente. Na largada da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP30), que começou oficialmente na segunda-feira (10/11), o tema ocupou as salas de negociação. A expectativa é de que até o fim da semana seja fechada a lista de indicadores para compor a meta geral de adaptação. Após o primeiro dia de negociações, países africanos e árabes são vistos como as partes mais sensíveis na negociação e que podem oferecer resistência. Os debates giram em torno de cerca de 100 indicadores para conter a meta global de adaptação. Esses parâmetros abordam temas como saúde, educação, entre outros. A presidência da COP fez uma rodada de consultas com os países para identificar entraves e tentar agilizar negociações. A expectativa dos negociadores brasileiros é que haja apoios à meta de triplicar recursos para adaptação climática, principalmente por parte dos países da América Latina, que sofrem com o problema.

As nações ricas, no entanto, seguem na “retranca”. O aumento do financiamento tem sido um dos pontos mais sensíveis das conversas entre as delegações. A agenda de adaptação, nesses momentos de disputa, sempre acaba perdendo. É o momento de maior pressão para ser aprovado o quanto antes, ainda mais que não são indicadores mandatórios, mas voluntários, explica a TNC Brasil. O tema é um dos tópicos presentes na agenda desta COP e é de interesse especial do Brasil, que tem sofrido com catástrofes climáticas como as chuvas recorde do Rio Grande do Sul em 2024, a seca na Amazônia e, mais recentemente, o tornado no Paraná, que deixou seis mortos e um rastro de destruição no fim de semana. Furacões, secas, enchentes, incêndios. Os eventos extremos estão cada vez mais frequentes e atingem diversos países, transformando o modo de vida das populações. Estudo inédito feito pela TNC mapeou iniciativas feitas pelas comunidades locais na Amazônia e no Cerrado para se adaptar à nova realidade.

A Floresta Amazônica atua como regulador natural do clima, armazenando carbono, mantendo a umidade atmosférica e alimentando os rios voadores que distribuem chuvas por grande parte da América do Sul, fundamentais para a agricultura e o abastecimento de água. Na bacia do Rio Tapajós, ribeirinhos do Movimento dos Pescadores e Pescadoras do Baixo Amazonas (Mopebam) implementaram acordos de pesca nos quais a comunidade define, monitora e fiscaliza as regras da pesca na região. Com isso, os ribeirinhos definem áreas de pesca e quando ela deve ocorrer, garantindo a vida no ecossistema. Além da autogestão dos recursos naturais, os ribeirinhos promovem o reflorestamento das margens do rio. Os pescadores diversificam a produção por meio de hortas suspensas e turismo local. Isso retira a pressão sobre a pesca e garante que o ecossistema permaneça saudável. Na Terra do Meio, a seca levou povos a diversificarem produção.

Chamada de “Terra do Meio” por ficar entre os rios Xingu e Iriri, a região localizada no Pará, sede da COP30, é um dos exemplos de adaptação climática. Com o modo de sobrevivência pautado principalmente na extração da castanha-do-pará, a Terra do Meio foi atingida em cheio pela seca que assolou a Amazônia em 2024, prejudicando a colheita do alimento. Diante do impasse, com o sustento prejudicado, os povos locais iniciaram um processo de diversificação da produção, incluindo alimentos adaptados à seca e ao calor extremo. Assim, os povos tradicionais começaram a plantar mandioca, abóbora, batata-doce, banana, milho e frutíferas nativas. Além desses produtos, o artesanato é fonte importante de renda para as comunidades locais, que vendem esses produtos a partir da articulação da “Rede Terra do Meio”.

Com a mudança do clima e alteração nos ciclos de chuva, houve a disseminação da praga conhecida como “vassoura de bruxa” nas plantações de mandioca de indígenas do Oiapoque. A escassez da mandioca, alimento base da cultura indígena, pressionou a segurança alimentar das comunidades locais. Com isso, após demandas dos indígenas, em 2024, o governo do Amapá iniciou um processo de adaptação climática na região, distribuindo sementes de mandioca a cerca de 500 famílias e prestando assistência técnica. Nesse processo, os povos indígenas compartilharam o conhecimento sobre cultivo e as variedades mais resistentes às mudanças do clima. Com auxílio da Embrapa foi instalada uma câmara para multiplicação de mudas de mandioca livre de pragas. O replantio comunitário de variedades adaptadas, aliado à ciência e à gestão coletiva, consolidou-se como exemplo de adaptação climática liderada por povos indígenas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.