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11/Nov/2025

COP30: é preciso antecipar meta do Acordo de Paris

Os países reunidos a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) precisam antecipar a meta do Acordo de Paris de net zero (saldo zero entre emissões e captações de gases de efeito estufa) afirmou Carlos Nobre, professor da cátedra clima e sustentabilidade e copresidente do Painel Científico para a Amazônia. “Estamos muito perto de chegar ao 1,5ºC de aquecimento global. Se mantivermos a direção de zerar as emissões líquidas só em 2050, vamos passar de 2ºC”, afirmou, acrescentando que alguns estudos mostram o risco de a temperatura média global do planeta aumentar em 2,5ºC. Além do derretimento de geleiras, extinção de 18% a 25% da biodiversidade dos oceanos, um aquecimento mais alto vai aumentar o já risco gigantesco de epidemias. “Se continuarmos a perturbar a natureza desse jeito, vamos ver mais epidemias e pandemias. No ano passado, a região da Amazônia já viu epidemias da febre mayaro e da febre oropouche”, afirmou Nobre, único cientista brasileiro a participar da coalizão de universidades e organizações científicas chamada Planetary Science.

A coalizão tem um estande na zona azul da COP30 com uma programação de painéis nas duas semanas. O cientista afirmou também que participou de um estudo que mostra que o Brasil tem total condição de zerar as emissões líquidas dez anos antes da meta, em 2040. O estudo foi lançado na Academia Brasileira de Ciências no dia 5 de novembro e vai ser apresentado no estande da Planetary Science na COP30. O Brasil tem um plano geral para reduzir desmatamento, tem condições de fazer a transição energética para não usar mais combustível fóssil depois de 2040 e de migrar para uma agropecuária com menos emissões, que se chama de regenerativa, afirmou Nobre. O cientista também destacou a oportunidade do Brasil em restauração florestal. Há iniciativas públicas e privadas nessa área, com destaque para a importância das empresas nessa frente. O setor privado tem que acelerar os projetos de restauração florestal, afirmou Nobre. Há dois problemas nesse setor.

Um deles é o desafio de produzir ou coletar as 20 bilhões de mudas e sementes para restaurar 240.000 quilômetros quadrados. O outro problema é financiamento. Nesse ponto, Nobre elogiou a iniciativa do Fundo Florestas Para Sempre (TFFF), mecanismo financeiro proposto na COP28 em Dubai e lançado oficialmente na cúpula de líderes em Belém, na semana passada. O fundo, que já conta com mais de US$ 5,5 bilhões, irá remunerar os países em desenvolvimento que comprovarem a conservação das suas florestas tropicais úmidas. O TFFF é ideia muito boa e a primeira vez que vai se pagar por serviço ecossistêmico na história. O cientista defendeu o aumento do financiamento da adaptação, um tema que perpassa o conceito da justiça climática. “O tema da justiça climática é de total urgência. Temos mais de 2 bilhões de pessoas muito vulneráveis a todos esses eventos extremos que já estão acontecendo. Elas não estão preparadas para esses eventos extremos.

Então, é preciso megainvestimento em adaptação, é preciso retirar essas pessoas das áreas de risco. No Brasil, são milhões de pessoas”, disse Nobre. Nobre demonstrou grande preocupação com o fato de o número de países que apresentaram as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) ainda estar baixo. No dia 9 de novembro, o número estava em 109. Nas últimas quatro COPs, mais de 190 países submeteram as metas nacionais. É uma preocupação se o número de países que apresentaram NDC não chegar a 190. “Temos de ter uma esperança enorme de que a COP30 seja tão importante quanto a COP que fechou o Acordo de Paris. Os países aqui presentes precisam entender a gravidade da situação, acelerar as ações e parar com os combustíveis fósseis o mais rapidamente possível”, disse Nobre. Ele destacou que os preços da energia renovável caíram e, em alguns casos, chegam a ser mais baratos que os fósseis. A transição energética é totalmente factível. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.