11/Nov/2025
Definida como a COP da implementação, onde devem preponderar discussões sobre financiamento para ações climáticas, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas está começando nesta segunda-feira, em Belém, com ampla participação do mercado financeiro brasileiro. Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) uniram-se para levar ao evento exemplos de como o financiamento a atividades sustentáveis pode ser atraente ao investidor. A expectativa entre os executivos do setor está grande e é de que o evento se torne uma oportunidade para "escalar" os exemplos bem-sucedidos que colecionam, principalmente entre os estrangeiros. A Febraban espera que a COP30 acelere a criação de mecanismos financeiros inovadores, atraia investimentos internacionais e reforce a imagem do País como líder em finanças sustentáveis.
É importante que se construa essa agenda mostrando aos participantes que há uma oportunidade de negócios no Brasil. É claro que se não tiver o meio ambiente funcionando, as empresas realizando as suas atividades com segurança e a sociedade com uma rede de proteção para seguir em frente, nada tem propósito. A ideia é mostrar que existem oportunidades de negócio sustentáveis em especial no Brasil, diz a Anbima. Destaque para a biodiversidade gigante, um ecossistema pujante e as fontes de energia renováveis diversas. A ideia é mostrar esses cenários para as 194 delegações, mais a União Europeia, vindas de todo o mundo, que somam cerca de 50 mil pessoas e que circularão por Belém até o dia 21 de novembro. Grandes bancos já participaram de outras COPs, embora de forma mais tímida. O setor de seguros brasileiro começou a fazer isso há dois anos, na COP28, em Dubai. As estimativas apontam para danos da ordem de US$ 350 bilhões por ano causados por eventos climáticos.
Desse total, apenas US$ 150 bilhões estão cobertos pelo setor segurado. E pior: esse número cresce a ano a ano de uma forma imprevisível que está afetando os modelos de cálculos das empresas, afirmou a CNSeg. É importante o setor se engajar na pauta ESG. A COP30 traz uma diferença importante em relação às edições anteriores, por equilibrar melhor os temas da agenda global. O foco das outras estava mais em mitigação. Nessa COP, adaptação ganhou bastante espaço. E é nesse tema que o setor segurador pode contribuir bastante. A agenda de adaptação e resiliência climática é muito urgente haja visto o que aconteceu no Rio Grande do Sul em 2025. Esse tema está entre as preocupações também da Febraban. Riscos climáticos afetam operações, investimentos, crédito e reputação das instituições. Os bancos brasileiros já incorporam práticas ESG e atuam na gestão de riscos socioambientais e climáticos nas operações com clientes, canalizando a atividade bancária para uma agenda mitigadora de riscos.
Entre os passos que o mercado financeiro tem dado em direção a uma economia sustentável, estão, por exemplo, o desenvolvimento de taxonomias socioambientais, para apoiar financiamentos e produtos financeiros, e um protocolo específico para tratar do gerenciamento de risco de desmatamento ilegal na cadeia de carnes, considerando que o Brasil é o maior exportador de proteína bovina do mundo. Além disso, foram criadas algumas linhas com juros mais atraentes para operações sustentáveis, emissões de papéis ESG, entre outros. Segundo a Febraban, em 2024, 21,2% do crédito para pessoa jurídica, mais de R$ 445 bilhões, foram direcionados para a economia verde. Os dados mostram, ainda, que desde a primeira emissão de um título rotulado por um banco brasileiro em 2020, já foram captados mais de R$ 43 bilhões. No setor de seguros, a CNseg cita exemplos de ações de outros países, mas pondera que eles não devem ser replicados integralmente no Brasil. Na França, as apólices de seguro residencial recolhem um valor destinado a um fundo voltado para riscos climáticos e que conta com a participação de seguradoras, resseguradoras e poder público.
No México, há um fundo público voltado para desastres naturais que contrata seguro de mercado com foco em infraestrutura. Nenhum desses exemplos pode ser simplesmente ‘importado’ para o Brasil, pois as realidades são diferentes. Na França, 95% das residências têm seguro residencial, o que torna a arrecadação de recursos bastante ampla. No Brasil, somente 15% das casas são seguradas. Há diferenças entre o Brasil e o México também. O problema mais frequente no Brasil são enchentes, alagamentos e não furacões e terremotos, como no México. Nesse contexto, durante a COP30, a CNseg vai lançar duas ferramentas online de análise de riscos climáticos no Brasil. Uma fará a análise de risco de alagamentos por CEP. Outra fará a análise de conformidade de imóveis rurais com questões sociais e ambientais. As duas ferramentas estarão disponíveis gratuitamente num primeiro momento. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.