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07/Nov/2025

Mercosul-UE: agricultores franceses contra acordo

O produtor francês, membro do Conselho Executivo da Federação Nacional dos Sindicatos de Exploração Agrícola da França (FNSEA) e presidente da Organização Mundial dos Agricultores (WFO), Arnold Puech d'Alissac é um dos mais críticos ao acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. "O acordo é um grande problema para nós, porque nós somos a moeda de troca. Temos a impressão de que vamos perder uma parte do mercado", disse d'Alissac. Segundo ele, o acordo pode gerar concorrência desleal entre os produtos agropecuários do Mercosul e os agricultores franceses. O custo de produção dos agricultores franceses é superior ao custo de produção no Brasil. Ele cita que o modelo de produção na pecuária, por exemplo, é diferente, enquanto o Brasil utiliza grandes confinamentos e a produção francesa é menor e familiar. D'Alissac alega ainda que os agricultores brasileiros têm acesso a defensivos agrícolas que são proibidos na França.

Sobre a expectativa do governo brasileiro em assinar o acordo em 20 de dezembro, durante a cúpula Mercosul-União Europeia, d'Alissac afirmou que os agricultores europeus "continuam lutando contra o acordo". "Eles são favoráveis a um acordo, porém, mas não a este acordo. O problema é que a discussão está parada há seis anos", criticou d'Alissac. Ele defende a inclusão de salvaguardas no acordo que possam ser implementadas de forma unilateral pelo bloco europeu. "Temos cláusulas assim com o Reino Único. Se o comércio estiver perturbado entre o Reino Unido e a União Europeia, podemos bloquear o comércio. Seja de um lado ou seja do outro, de um dia para o outro, pode haver esse bloqueio comercial. Com o Mercosul, por exemplo, podemos somente bloquear temporariamente o acordo e somente nos seis primeiros anos de validade do acordo e, após isso, ele é aplicado integralmente", explicou.

Com todas essas dificuldades de financiar os agricultores, parece 'meio louco' aceitarmos um acordo nesses termos", acrescentou d'Alissac. Para d'Alissac há distorções de concorrência entre os blocos, como impostos diferenciados sobre uso de insumos químicos. "Os agricultores europeus não entendem esse jogo duplo. Precisamos de um acordo com o Mercosul, mas precisamos reconhecer também que os nossos vinhos e queijos acessam o mercado do Mercosul sem barreiras e sem a percepção de distorção do mercado", apontou. A sua federação, a FNSEA, foi pivô de uma crise entre o agronegócio brasileiro e o Grupo Carrefour no ano passado. Atualmente, a FNSEA estampa em suas redes sociais um cartaz com a frase "Não ao Mercosul". A federação organiza diversas manifestações e protestos na França contra o acordo. Na Europa, os agricultores franceses são considerados os mais resistentes ao acordo de livre comércio com o Mercosul. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.