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07/Nov/2025

TFFF: efeito concreto no combate ao desmatamento

O sucesso, ou o fracasso, de uma iniciativa que formalmente nem faz parte da COP30 pode ser um dos mais importantes resultados da conferência. Trata-se do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que foi lançado nesta quinta-feira (06/11). A ideia é que gere recursos para pagar quem protege as florestas essenciais para conter o aquecimento. Para o Instituto Clima e Sociedade, seria uma excelente notícia se dois ou três países anunciassem aportes ao TFFF até o fim da COP. Talvez isso possa ser o mais importante resultado da COP. Seria o resultado concreto de que, pela primeira vez, tentarão criar algo efetivo para resolver o problema do desmatamento das florestas tropicais. O TFFF não faz parte da agenda de negociações da conferência climática da ONU. Ele é uma iniciativa proposta pelo Brasil durante a COP28, de Dubai, em paralelo às discussões do evento.

Agora virou chave para o governo Luiz Inácio Lula da Silva, que tenta incluir os debates em torno das florestas na agenda climática. Nos últimos dois anos, Colômbia, República Democrática do Congo, Gana, Indonésia e Malásia, todos países com florestas tropicais, deram sugestões ao TFFF. Também participaram de um comitê que desenvolve o projeto França, Alemanha, Noruega, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido, países com potencial para investir no fundo. Ainda que não faça parte da agenda oficial da COP, o governo brasileiro deverá tentar sensibilizar outros países a aderirem ao projeto. Seria muito importante para alavancar o TFFF ver países já envolvidos em sua concepção anunciando aportes, diz o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora). Mas também seria interessante anúncios dos países detentores de florestas. O fundo tem potencial de “virar o jogo” no combate ao desmatamento. Os países receberiam anualmente para manter as florestas.

Isso traria a possibilidade de se estabelecer programas de longo prazo contra o desmate. A iniciativa seria chave sobretudo para o Brasil, que tem o desmatamento como principal fonte de emissões de gases poluentes, sendo responsável por 45,3% do total. O TFFF será administrado pelo Banco Mundial e prevê viabilizar US$ 4 bilhões por ano para a conservação ambiental. Para isso, países investidores e entidades filantrópicas precisam aportar nele US$ 25 bilhões. Até agora, o Brasil foi o único a anunciar sua participação, com investimento de US$ 1 bilhão. A Indonésia prometeu fazer um aporte. Após o TFFF levantar esses US$ 25 bilhões, seriam emitidos mais US$ 100 bilhões em títulos para o setor privado, ou seja, para que fossem adquiridos por investidores como fundos de pensão. Os recursos captados seriam investidos, e o rendimento, usado para pagar, primeiramente, quem aportou o capital. Depois, seriam pagos os países patrocinadores do fundo e, por último, os países com florestas.

Conforme a nota conceito do TFFF, o pagamento aos países com floresta deverá ser de US$ 4,00 por hectare preservado. A previsão é de que 20% desses recursos sejam destinados aos responsáveis por manter as florestas em pé, como povos indígenas e comunidades ribeirinhas. Um dos motivos para a iniciativa ser considerada inovadora está justamente no fato de não se tratar de doações. Quem participar do fundo terá retorno financeiro, ainda que seja inferior ao de investimentos tradicionais. Outra razão pela qual o TFFF é inovador é que ele é perene, diferentemente das iniciativas existentes, que garantem recursos por projetos ou por períodos de operação específicos. Para receberem os recursos, os países precisarão manter taxas de desmatamento inferiores a 0,5%. qualquer desmate levará a descontos no pagamento.

Até 74 países em desenvolvimento com florestas tropicais e subtropicais úmidas de folhas largas poderão ser beneficiados. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira (06/11), esperar o engajamento "em breve" de bancos regionais e multilaterais no Fundo Tropical das Florestas (TFFF), aposta brasileira para angariar recursos privados para a proteção e conservação florestal. A expectativa é que o Fundo, de capital misto, tenha portfólio diversificado. O Conselho do Banco Mundial aprovou que irá hospedar o mecanismo financeiro e o Secretariado Interino do TFFF. Nesse novo modelo de financiamento climático, os países que preservam suas florestas tropicais recebem uma espécie de "bônus" financeiro. Ou seja, a conservação será economicamente vantajosa.

A perspectiva é captar R$ 125 bilhões no mercado, a juros reduzidos como um ativo de baixo risco. O montante será reinvestido em projetos com maior taxa de retorno, isto é, gerando lucro (spread). Parte do lucro será repassada aos países com florestas tropicais, proporcionalmente à área preservada e outra parcela será devolvida aos investidores, que também terão vantagem financeira. Um quinto dos ganhos poderá ser destinado a povos indígenas. É essa premissa de "ganha-ganha" que faz o Brasil apostar nesse Fundo e considerar o mecanismo como algo inovador. “O TFFF inova também em sua governança. Suas instâncias decisórias vão corrigir antigas assimetrias e contarão com a presença, em pé de igualdade, de países investidores e de países de florestas tropicais.

A participação social e de especialistas agregará valor à avaliação e ao aprimoramento do mecanismo", declarou o presidente. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou o TFFF tem potencial de ampliar recursos para preservação. O TFFF é um mecanismo inteligente que vai triplicar o recurso para proteção das florestas. De acordo com Marina Silva, o fundo é um mecanismo para implementação dos acordos climáticos celebrados ao longo das Conferências do Clima (COP). Segundo ela, além do Brasil, outros 11 países participaram do desenvolvimento da iniciativa. "Todos falam da COP da implementação; TFFF é implementação", disse.

O chefe da Secretaria de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Mauricio Lyrio, mencionou os 53 países que endossaram o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). São eles: Alemanha, Antígua e Barbuda, Armênia, Austrália, Áustria, Bélgica, Bolívia, Brasil, Burkina Faso, Camboja, Canadá, China, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Dinamarca, Dominica, Emirados Árabes Unidos, Equador, Finlândia, França, Gana, Guiana, Guiné, Guiné-Bissau, Honduras, Indonésia, Irlanda, Japão, Libéria, Madagascar, Malásia, México, Mianmar, Moçambique, Mônaco, Nigéria, Noruega, Países Baixos, Panamá, Papua-Nova Guiné, Peru, Portugal, Reino Unido, República Democrática do Congo, Ruanda, São Tomé e Príncipe, Serra Leoa, Sudão do Sul, Suécia, Suriname, Zâmbia e a União Europeia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.