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07/Nov/2025

COP30: Brasil pode ampliar a cobertura florestal

A COP30 nem começou e o Brasil tem uma ‘carta na manga’ para exibir nessa grande vitrine global que é a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Sem precisar reinventar a roda, o País tem potencial para ampliar em dez anos a cobertura florestal em 8 milhões de hectares, o equivalente à área de duas Suíças. Com isso, irá aumentar a já relevante contribuição de captura de carbono da atmosfera, além de reverter a tendência histórica de desmatamento. Esse prognóstico consta do estudo “O Protagonismo das Florestas Brasileiras na Agenda Climática Global”, realizado por uma coalizão de instituições formada por Instituto Arapyaú, Instituto Itaúsa, Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, Imazon, Amazônia 2030, CEBDS e Uma Concertação para a Amazônia. A publicação será apresentada oficialmente durante a COP30 em Belém.

A expansão do chamado “contínuo florestal” não implica na redução ou ocupação da área destinada à produção agropecuária, segundo o estudo. O “contínuo”, que inclui as florestas nativas conservadas, as atividades de restauração florestal com espécies nativas e a atividade da silvicultura de espécies nativas e exóticas voltadas para fins industriais, será expandido com o crescimento das atividades de restauração e silvicultura e com o cumprimento das metas de desmatamento zero previstas na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do País. Entre as atividades em andamento, o estudo enumera desde negócios voltados para a restauração de matas nativas, a exemplo de empresas como a re.green, que tem a gestora Gávea, de Armínio Fraga, na sociedade, e do BTG Pactual Timberland Investment Group, até iniciativas governamentais.

O texto menciona o Plano Nacional de Recuperação de Vegetação Nativa (Planaveg) e o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (PNCPD), com meta de recuperar 40 milhões de hectares até 2030, incluindo restauração de florestas, formação de pastos produtivos e plantio de grãos. O levantamento tenta ilustrar a vocação brasileira para contribuir com o controle do aquecimento global através da natureza. O texto destaca que cerca de 66% do território brasileiro é ocupado por florestas, sendo que o País concentra aproximadamente 40% da área de florestas tropicais do mundo, segundo o Pnuma. Os números demonstram que o Brasil tem papel decisivo na oferta de soluções para a captura de gases de efeito estufa, algo essencial para a mitigação do risco climático.

O País abriga o maior potencial de restauração florestal do planeta. Os maciços florestais já absorvem um terço das emissões anuais de carbono da atividade humana. Sem as florestas tropicais, as metas do Acordo de Paris não podem ser atingidas, especialmente o limite de 1,5ºC de aquecimento até 2030, diz o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). A eficiência da floresta em pé na captura do carbono é muito maior e, principalmente, mais barata do que tecnologias industriais de sequestro de gases de efeito estufa. Existem duas maneiras de capturar carbono. Uma é com tecnologia caríssima e inviável e a outra é com o que temos há meio bilhão de anos: o processo de fotossíntese. A manutenção do chamado “contínuo florestal” também traz benefícios sociais, de subsistência material e imaterial à população indígena e comunidades tradicionais, à biodiversidade, ao regime de chuvas e água e à produção de bioativos com potencial econômico.

A concretização do potencial de elevar a cobertura florestal de 517 milhões para 525 milhões até 2035 depende, entretanto, de uma visão da floresta como ativo econômico. O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), projeto do governo brasileiro proposto na COP28, em Dubai, e relançado na semana do clima em Nova York deste ano, é uma iniciativa importante, mas insuficiente. É preciso pensar a floresta como uma cesta de opções econômicas, seja pelo pagamento de serviços ambientais, como pela captura do carbono, seja pelo mix de produção de uma agrofloresta, pela produção de uma floresta plantada. O estudo destaca que é preciso um novo modelo financeiro, assentado em dois sistemas: um para recompensar regiões por evitar emissões decorrentes de desmatamento e degradação (Redd+ Jurisdicional) e para recompensar a proteção das florestas existentes (como o TFFF e o Redd), e outro para assegurar a restauração florestal de áreas degradadas, seja via regeneração natural e/ou plantio de árvores nativas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.