07/Nov/2025
A despeito das pressões do governo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou na quarta-feira (05/11) a manutenção da taxa básica de juros em 15% e repetiu, em comunicado, a sinalização de que a Selic deve ficar nesse patamar por "período bastante prolongado". A decisão foi unânime. Em relação ao comunicado divulgado em setembro, o Copom afirmou, pela primeira vez, que considera o nível atual dos juros "suficiente" para alcançar a meta de inflação de 3%. Ao mesmo tempo, o colegiado manteve a indefinição sobre o início do corte de juros. “Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado", disse o colegiado.
O comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado. Foi a terceira reunião consecutiva em que a autarquia manteve o patamar da Selic. De setembro de 2024 até a reunião de junho deste ano, o Banco Central aumentou a taxa em 4,50%, o segundo maior ciclo de alta dos últimos 20 anos, só perde para o avanço de 11,75% entre março de 2021 e agosto de 2022, após o fim da pandemia. A decisão contraria o coro do governo pela redução da Selic. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que indicou o atual presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que o Brasil tem "um problema com a taxa de juros". Nesta semana, foi a vez de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entrar no assunto. O ministro afirmou que, se fosse diretor do Banco Central, votaria pela queda dos juros.
Ele também sugeriu que a manutenção dos juros elevados seria fruto de pressão dos bancos, que ganham com a cobrança de taxas mais altas nos empréstimos. O ministro reclamou que debater juros virou um "tabu". A frase do ministro sobre os bancos foi rebatida pelo Itaú Unibanco, que afirmou ser uma percepção equivocada e que juros baixos são estruturalmente bons para todos. É nesse cenário que os bancos crescem mais. O comunicado consolidou no mercado avaliação de que o corte de juros só virá em 2026. Instituições como XP, SulAmérica, B.Side Investimentos, PicPay e Armor Capital projetam o início do processo de flexibilização da política monetária para março do próximo ano. O Banco Central avisa que os juros não vão cair em dezembro (data da próxima reunião do colegiado), e joga o início dos cortes para o ano que vem. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.