06/Nov/2025
Soluções para problemas urbanos ligados a resíduos sólidos, água e saneamento, segurança alimentar, mudanças climáticas, mobilidade, qualidade do ar, entre outros temas, têm sido pensadas por hubs e polos de inovação de São Paulo que apoiam o desenvolvimento de tecnologias baseadas em ciência e que respeitam a natureza. O Green Sampa, por exemplo, é um programa de aceleração de startups ligadas aos setores de economia verde, sustentabilidade e ESG, que inclui oficinas, mentorias e aporte financeiro de R$ 50 mil. As iniciativas selecionadas ficam incubadas no Centro de Inovação Verde Bruno Covas - Hub Green Sampa, na Praça Victor Civita, em Pinheiros, prédio que abriga um incinerador, onde no passado era feita a queima de lixo na capital.
O ambiente onde ocorria o acúmulo de resíduos descartados pelas residências e hospitais e havia a queima de todo esse lixo se tornou um espaço de inovação e desenvolvimento de negócios e tecnologia, a Agência São Paulo de Desenvolvimento (Ade Sampa), vinculada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da Prefeitura de São Paulo. Entre os mais de 150 negócios que já foram acelerados pelo hub, há exemplos como a Brechó do Carbono, que resolveu o problema do descarte de tecidos ao criar e patentear uma tecnologia que transforma os itens em carvão ativado, cujo uso mais comum é na filtragem de água, mas pode ser reaproveitado na melhoria do solo e na indústria cosmética. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que a indústria têxtil é responsável por de 2% a 8% da poluição mundial.
Só no Brasil, estima-se que 170 mil toneladas de resíduos de tecidos sejam descartadas de forma incorreta todo ano e acabem em aterros sanitários e lixões. Dependendo do material, pode até levar à contaminação do solo e de lençóis freáticos. A startup já nasce com a sustentabilidade como valor, não apenas um departamento ou mais um item de marketing. Outro negócio acelerado pela Green Sampa foi a startup de biotecnologia Aiper, que produz pigmentos à base de micro-organismos, como bactérias e fungos, aplicados em peças de roupas. Após passar pelo programa, a startup teve aporte financeiro para adquirir os primeiros equipamentos. Neste momento, a Aiper, surgida em 2021, testa formas de fazer com que o pigmento ganhe mais resistência à luz. Paralelamente, estuda novas amostras de micro-organismos coloridos coletados na Amazônia.
O biopigmento é mais sustentável que o corante, pega em todo tipo de fibra e é resistente à lavagem. Há ainda outros negócios que oferecem logística reversa de lixo eletrônico, como a que se propõe a fazer um reaproveitamento em forma de kits destinados a aulas de robótica em escolas públicas, além de iniciativas envolvendo segurança alimentar e soluções baseadas na natureza, como as caravelas ecológicas da Infinito Mare. As caravelas são barcos inteligente que têm um sistema que permite controlar a produção de micro-organismos e melhorar a qualidade da água em rios, lagos e reservatórios. São vários cases que iniciam o processo com a validação de uma ideia, recebem apoio financeiro, mentorias e oficinas e depois têm oportunidade de sair do programa para entrar no momento de tração em escala. A Ade Sampa faz chamamentos para levar iniciativas a festivais de inovação dentro e fora do Brasil. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.