06/Nov/2025
O primeiro relatório formal sobre o "mapa do caminho" para a meta de financiamento verde de US$ 1,3 trilhão aos países em desenvolvimento aponta para cinco frentes de atuação, incluindo recursos privados e reequilíbrio fiscal dos países. A preocupação com o endividamento é manifestada repetidas vezes no documento de 81 páginas, divulgado nesta quarta-feira (05/11) pela presidência da COP30, com a expectativa de evitar instrumentos que, na prática, desequilibrem ainda mais essas nações. Outro destaque é um chamado para que as agências de rating ajustem suas metodologias na classificação de risco. No ano passado, na COP do Azerbaijão, foi estabelecido que os países desenvolvidos devem "assumir a liderança" no fornecimento de, pelo menos, US$ 300 bilhões anuais até 2035, muito aquém do que é considerado necessário.
O Brasil se comprometeu a apresentar, junto ao Azerbaijão, um "mapa do caminho" de como alcançar a meta de US$ 1,3 trilhão. As frentes de atuação foram classificadas em "5Rs": Reposição, Reequilíbrio, Redirecionamento, Reformulação e Reestruturação. A primeira trata da busca por doações e financiamento concessional, aqueles com juros baixos oferecidos por grandes instituições financeiras. A segunda aborda a sustentabilidade da dívida. O argumento central é o seguinte: os países credores, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e os bancos multilaterais de desenvolvimento precisam trabalhar para reduzir os encargos da dívida enfrentados pelos países, inclusive cláusulas com o chamado "debt-for-nature/climate swaps", quando a dívida de um país é reduzida em troca de investimento em projetos verdes. A terceira frente é o redirecionamento, que busca financiamento privado e menores custos de capital.
O chamado é para as instituições financeiras ampliarem significativamente a disponibilidade de recursos incluindo, por exemplo, aqueles na classificação de "first-loss equity", quando o investidor concorda em arcar com as primeiras perdas em um investimento para, dessa forma, catalisar a participação de novos investidores. A quarta frente, da reformulação, aponta para a maior coordenação entre os chamados "Portfólios Climáticos em Escala", com a premissa de proliferar iniciativas internas de integração para o alcance de metas específicas de clima e desenvolvimento. A última frente é a da reestruturação, envolvendo as estruturas para "Fluxos de Capital Equitativos". Nesse último eixo, é mencionado, por exemplo, que as agências de classificação de risco precisam "aperfeiçoar" as suas metodologias, ampliando os "horizontes temporais" das análises de crédito.
Também se destaca a necessidade de refletir "positivamente" os benefícios de longo prazo da reestruturação e do tratamento voluntário da dívida para a sustentabilidade das contas públicas dos países. Para isso, os ministérios nessa seara, nos respectivos governos, devem dialogar com as agências de classificação de risco e, conforme o relatório, "incentivar o desenvolvimento de abordagens de classificação de crédito que considerem o impacto climático, visando avaliações mais transparentes, objetivas, independentes e que reflitam os melhores dados disponíveis", diz o documento. O presidente da 29ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP29), Mukhtar Babayev, reconheceu que é grande o desafio para a efetiva viabilização do financiamento climático de US$ 1,3 trilhão aos países em desenvolvimento. Ele ponderou, por outro lado, que trabalha com a possibilidade de atingimento dessa meta.
O contexto geopolítico refratário ao multilateralismo, simbolizado com a futura saída do Estados Unidos do Acordo de Paris no início de 2026, representa um dos principais empecilhos para o compromisso de angariar recursos trilionários para a seara climática. No ano passado, na COP do Azerbaijão, foi estabelecido que os países desenvolvidos devem "assumir a liderança" no fornecimento de, pelo menos, US$ 300 bilhões anuais até 2035, muito aquém do que é considerado necessário. O Brasil se comprometeu a apresentar, junto ao Azerbaijão, um roteiro de como alcançar a meta de US$ 1,3 trilhão. O roteiro demonstra que o caminho para alcançar US$ 1,3 trilhão em financiamento climático anual até 2035 é possível e delineia uma série de próximos passos. Mas, é preciso reconhecer a magnitude do desafio. Porém, o trabalho não termina aqui. O roteiro não é o objetivo final. Este é apenas um ponto de partida, declarou Babayev. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.