04/Nov/2025
Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado nesta segunda-feira (03/11) mostra que o ritmo da transição energética vem superando as expectativas, com o investimento global em energia limpa alcançando US$ 2,2 trilhões neste ano, o dobro do gasto com combustíveis fósseis. Mas, o documento também destaca que os próximos dez anos serão a "década de implementação" crucial para a redução a zero das emissões líquidas de carbono. O estudo "Integridade Importa: Conquistando o Futuro" foi elaborado pelo Grupo de Especialistas de Alto Nível (HLEG) da ONU sobre Compromissos de Emissões Líquidas de Atores não Estatais, que entregou o estudo ao secretário-geral da ONU, António Guterres. O documento foi apresentado durante a Cúpula Mundial de Prefeitos C40, realizada no Rio de Janeiro como parte do Fórum de Líderes Locais da COP30.
O Grupo de Especialistas foi criado em 2022 para desenvolver padrões mais rigorosos e claros para as promessas de emissões líquidas zero feitas por entidades não estatais, incluindo empresas, investidores, cidades e regiões. O grupo também tem expectativa de acelerar a implementação das medidas propostas. Conforme o documento, no ano passado, as energias renováveis, lideradas por solar e eólica, responderam por mais de 90% da nova capacidade elétrica instalada no mundo, com a energia solar se tornando a mais barata da história. Um em cada cinco carros novos vendidos em 2024 foi elétrico, ante um em cada cem em 2015. E os empregos em energia limpa dobraram desde o Acordo de Paris e já superam os empregos no setor fóssil em todo o mundo.
Ainda assim, para manter a meta de 1,5°C, o mundo precisa atingir grandes marcos até 2030: as energias renováveis devem crescer 150% até 2035, as vendas de veículos elétricos devem aumentar sete vezes e os governos precisam eliminar o financiamento a combustíveis fósseis, direcionando-o em larga escala para energia limpa. Os ganhos conquistados com tanto esforço na década passada são reais. Hoje, 83% da economia global está coberta por compromissos de emissões líquidas zero. Esses compromissos, liderados por governos nacionais, mas apoiados por um grande número de cidades, regiões, empresas e investidores, simplesmente não existiriam sem o Acordo de Paris, afirmou o HLEG. Dez anos atrás, o mundo caminhava para um aquecimento de 4ºC a 5°C; agora foi possível reduzir essa trajetória para cerca de 2,5°C. Ainda não é o suficiente, mas mostra o que é possível. As emissões caíram 7,5% nas cidades que integram o C40, e a tendência de metas de emissões líquidas zero continua crescendo em todas as regiões, inclusive nos Estados Unidos.
Mas, há desafios, como os baixos investimentos em energia limpa e os lucros recordes de empresas de combustíveis fósseis. Além disso, destaca que desastres climáticos (incêndios, enchentes, tempestades) geraram US$ 250 bilhões em prejuízos totais em 2023. O seguro está desaparecendo de regiões de alto risco; litígios climáticos tornaram-se comuns; e os riscos de transição aumentam o potencial de instabilidade financeira sistêmica, inclusive com o risco de ativos fósseis encalhados. O documento traz ainda seis "chamados à ação": cumprir planos de transição críveis; apoiar políticas para atingir grandes marcos até 2030; precificar integralmente o risco climático; ampliar o financiamento para países em desenvolvimento; combater a desinformação climática e promover a verdade; e fortalecer a cooperação. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.