24/Oct/2025
O governo vai manter o “samba” com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no "miudinho", como já vem fazendo até aqui. Não informou, por exemplo, que o encontro entre o americano e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já tinha sido marcado para o próximo domingo (26/10). A diplomacia brasileira preferiu aguardar a divulgação pela Casa Branca. A oficial mesmo ainda não veio, mas a imprensa dos Estados Unidos registrou que havia "discussões sobre a possibilidade de facilitar tal encontro na Malásia, segundo um funcionário. Todo cuidado é pouco dado que agendas internacionais são realmente difíceis de serem concatenadas e, principalmente, o histórico de rompantes do republicano. Na quarta-feira (22/10), quando o otimismo começava a dar o ar da graça entre os membros da missão, que contou com integrantes do governo e mais de uma centena de empresários, já veio o primeiro "olé". Trump defendeu que o tarifaço proposto por ele desde abril tem salvado os pecuaristas norte-americanos, e mencionou explicitamente o Brasil entre os países afetados.
"O único motivo pelo qual eles (pecuaristas) estão indo tão bem é porque eu impus tarifas sobre o gado que entra nos Estados Unidos, incluindo uma tarifa de 50% sobre o Brasil", escreveu Trump, em sua rede social. Na véspera, ele já tinha considerado a possibilidade de comprar carne argentina e, hoje, a notícia é a de que deve ampliar a cota tarifária do produto para o país vizinho. Obviamente que o aceno já mexeu com o mercado. Não por acaso também, a principal frente da missão empresarial para a Ásia, que acontece agora, está na proteína animal, seja de aves, bovina ou até mesmo suína, numa região em que há uma fatia considerável de muçulmanos. Mais do que ter o encontro com Trump, que é altamente esperado, sim, pelo Palácio do Planalto, o principal trunfo de Lula nessa viagem será o de voltar com mais opções de negócios para o comércio brasileiro. O chefe do Executivo está na Indonésia e seguirá para a Malásia com sua persona "mascate", como gosta de enfatizar. Assim, mesmo que as conversas com o republicano não avancem tanto, terá o que trazer de volta para Brasília.
O baque do tarifaço não foi uma monta gigante para a economia doméstica até aqui, mas mexe com o brio dos produtores, já que os Estados Unidos compram menos do que a China, mas itens de maior valor agregado. O melhor dos cenários é o de que o encontro entre os líderes ocorra no domingo (26/10) e que, claro, as sobretarifas de 40% caiam. O mais realista traçado até aqui é o de que a reunião até seja concretizada, mas sem grandes anúncios práticos. Não deixa de ser um quadro positivo em relação a uma liderança que já enfrentou muitos governos pelo mundo. Lula já avisou várias vezes que o Brasil não baixará a cabeça e que assuntos domésticos estarão fora da pauta. A tal química entre os dois pode até ser referendada no fim de semana. Mas, os brasileiros estão indo muito mais para sentir o clima e ouvir o que Trump tem a dizer do que com uma lista de pedidos e exigências aos Estados Unidos. O tom é o de que o tempo será o senhor da razão. Principalmente agora que Lula avisou protocolarmente, na Ásia, que será candidato em 2026. Fonte: Célia Froufe. Broadcast Agro.