23/Oct/2025
O Banco do Brasil espera operar a linha de crédito subsidiada pelo Tesouro de R$ 12 bilhões para renegociação de dívidas rurais até esta sexta-feira (24/10). Na terça-feira (21/10), o banco iniciou as contratações de operações para renegociação de empréstimos de produtores e cooperativas rurais com recursos a taxas livres, sem subvenção do Tesouro. O Banco Central resolveu o problema tecnológico de liberar o Sistema de Operações do Crédito Rural (Sicor). Na terça-feira, todas as agências iniciaram as contratações a taxas livres. A expectativa é operacionalizar essa linha com as taxas controladas até esta sexta-feira (24/10). Os R$ 12 bilhões foram liberados pelo Tesouro para renegociação das dívidas de produtores rurais e cooperativas agropecuárias afetados por eventos climáticos adversos entre 2020 e 2024, com perdas de pelo menos 30% da produção, autorizada no âmbito da Medida Provisória 1.314/2025. A medida é válida para 1.419 municípios que se enquadram nos critérios exigidos.
Os juros variam de 6% a 10% ao ano, com prazo de pagamento de nove anos e limites de enquadramento, conforme o porte do produtor. A linha será operada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) via agentes financeiros credenciados, caso do BB. Quanto à linha de recursos próprios dos agentes financeiros a taxas livres para renegociação, não há limite para as operações de liquidação ou amortização de débitos em atraso e que ela é voltada a grandes produtores que já operam a juros livres. Cada instituição financeira vai buscar dentro dos seus clientes o maior número possível que possa ser atendido. Isso é importante, porque muitos desses grandes produtores já estavam operando com taxas livres. Produtores fora dos municípios enquadrados pela medida já podem prorrogar os débitos, conforme prevê as normas do Manual de Crédito Rural. A renegociação tem de ser exatamente para aquele produtor que está com dificuldade de pagar as parcelas.
O BB espera desembolsar R$ 20 bilhões nas renegociações com juros livres. O banco vai ofertar os recursos com juros pré-fixados ou pós-fixados. As taxas variam conforme o risco de cada produtor, mas devem ficar a partir de 16,75% a 17% ao ano nas condições fixas e carência de um ano e juros próximos à Selic em uma taxa pós-fixada. Caso o produtor opte por essa taxa pós-fixada e a Selic venha a cair, o que é a expectativa, esta queda será atribuída ao produtor. Considerando um CDI +2,9% e uma Selic a 15%, se ela cair a 12%, esses 3% vão para o produtor. Como é um prazo de até nove anos, isso é fundamental e pode ajudar o produtor ao longo do tempo. O banco está avaliando as garantias envolvidas nas operações de crédito rural dado o aumento da inadimplência no setor e que, em alguns casos, pode rever as garantias exigidas nas operações. O BB, como qualquer instituição financeira, na medida em que tem uma elevação de inadimplência, até em respeito aos seus acionistas, é preciso buscar uma melhor garantia para as operações.
Mas, isso está sendo feito de forma muito cuidadosa, verificando onde é preciso avançar mais com as garantias e onde dá para manter as garantias tradicionais. A análise será "caso a caso" conforme a avaliação de risco de cada produtor. O Banco do Brasil negou o argumento de parte de entidades do agronegócio de que há uma crise de crédito rural no Brasil. Há problemas que precisam ser superados e é isso que o governo e o Banco do Brasil estão contribuindo para ajudar na solução, olhando esses produtores que precisam. Apesar da redução nas liberações de recursos na safra 2025/2026, a maior parte dos produtores brasileiros está em dia com as condições de crédito e mantendo investimentos. Há um problema que é concentrado, seja em alguns produtos ou em algumas microrregiões. É para esses produtores a busca por soluções. As prioridades são renegociação dos créditos inadimplentes e o apoio ao custeio da nova safra aos produtores rurais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.