23/Oct/2025
Segundo a Oilema Sementes, o sorgo, tradicionalmente usado em rotação com a soja e destinado à alimentação animal, tem sido adotado como alternativa de plantio na safrinha nos últimos três anos na região oeste da Bahia. Mesmo adotado há pouco tempo, o cultivo avança na cadeia de biocombustíveis e já dá pistas de crescimento exponencial. Com isso, uma região que há pouco mais de quatro décadas ainda nem tinha a expectativa de ser explorada como área agrícola no Brasil tem se tornado estratégica para o desenvolvimento do agronegócio nacional com uma das chamadas culturas emergentes. A empresa chegou na Bahia no final dos anos 1970, quando o lugar quase não atraía atenções, para trabalhar com soja. Era uma época de terras tão baratas que 1 hectare era comprado pelo valor equivalente a 1 saca de 60 Kg da oleaginosa.
A aposta da empresa reforça a expansão das chamadas culturas emergentes, cultivos que começam a ganhar espaço no País e ajudam a diversificar a produção agrícola. Por meio de uma parceria com uma transnacional norte-americana, a Oilema Sementes oferece quatro híbridos de sorgo. Em 2023, primeiro ano de atuação com o cereal, foram plantados em 5 mil hectares. No ano seguinte, a área semeada subiu para 25 mil hectares. Agora em 2025, foram 70 mil hectares. E, para a próxima temporada, a expectativa é superar 100 mil. A expansão pode ser explicada por pelo menos quatro fatores: o primeiro é que o sorgo tem custo de produção mais baixo que o do milho, cereal mais plantado como 2ª safra no País. O segundo é que, se submetido a uma silagem pré-hidratada, processo em que o sorgo passa por um tratamento com água, pode apresentar na alimentação do gado conversão energética semelhante à do milho.
Em terceiro lugar, a construção de uma biorrefinaria da Inpasa, maior produtora de combustível renovável da América Latina, que deverá entrar em operação no próximo ano em Luís Eduardo Magalhães, município onde está a sede da Oilema, promete deixar a região ainda mais dinâmica. E, em quarto, as possibilidades de exportação para a China, para a qual o Brasil já tem habilitação. A Bahia tem um clima apropriado para plantar milho na 2ª safra. Até há pouco tempo, os produtores entravam com capim braquiária para fazer a cobertura de solo. Até que o sorgo começou a atrair grande interesse. Metade das vendas de sementes de sorgo da empresa fica na Bahia. Mas, a Oilema entrega também em Mato Grosso, Maranhão, Tocantins, Piauí, Pará, Rondônia e Goiás. Para a Harven Agribusiness School, a expansão do sorgo é um exemplo da variedade que torna o Brasil uma "fábrica de alimentos" do mundo.
Chama atenção a diversidade do portfólio agrícola, indo de culturas mais 'badaladas', como soja, milho, cana-de-açúcar, café e laranja, até cadeias que começam a ganhar musculatura, como é o caso do sorgo. Entre outras culturas emergentes, estão o gergelim, com Mato Grosso como principal produtor nacional; a aveia e a canola, com destaque para a produção no Rio Grande do Sul; e a cevada, concentrada no Paraná, já que são produtos adaptados a climas mais frios. O lúpulo também começa a abrir espaço em Santa Catarina e São Paulo, estimulado pela evolução da indústria cervejeira. O mel segue bastante requisitado pelo mercado externo, com o Paraná assumindo a primeira colocação no ranking nacional nesse segundo semestre.
Entre as frutas, manga, melão e limão estão entre as que mais devem ter incrementos até 2033, segundo o Ministério da Agricultura, além da uva, impulsionada pela indústria do vinho, e do cacau, que, apesar de problemas recentes que reduziram a oferta, tem previsão de dobrar o volume colhido até 2030. Em Araraquara (SP), a pequena plantação do casal Luciana Andréa Pereira e Isidro Ybarzabal Pons ganhou papel relevante na consolidação do lúpulo no País, cujo cultivo, apesar de estar bem no início, já ocupa áreas em vários Estados. Com apenas 1 hectare plantado, a propriedade sedia um centro de processamento de lúpulo, fruto de uma parceria com o governo estadual e que foi inaugurado em agosto. A estrutura tem capacidade para beneficiar até 1 tonelada por dia. O ingrediente é essencial na fabricação de cervejas.
O Brasil ainda importa 99% do lúpulo que consome, mas iniciativas como essa sinalizam um novo momento. O projeto integra o Programa SP Produz, que apoia cadeias produtivas locais e que reconheceu o lúpulo de Araraquara com um selo de certificação. A partir daí, o Estado passou a fornecer equipamentos e suporte técnico, enquanto o casal organiza a governança de 45 parceiros, entre produtores, universidades, agrônomos e empresas do setor, para ajudar a estruturar um mercado brasileiro. Entre os objetivos, estão ampliar as áreas de cultivo e estimular assentamentos rurais no entorno, que já tem 15 hectares disponíveis para a cultura. Para isso, foi elaborado um manual técnico de boas práticas, visando difundir conhecimento e reduzir custos de implantação.
Tradicionalmente cultivado em regiões de clima temperado, o lúpulo se adaptou bem ao clima tropical brasileiro graças a pesquisas conduzidas por instituições como a Universidade Estadual Paulista (Unesp), que desenvolveu cultivares premiados internacionalmente. A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) contribui com estudos voltados ao desenvolvimento de maquinários para beneficiamento e blend de lúpulo. Está sendo articulada também a rota cervejeira, unindo turismo, agricultura e cervejarias da região, o que cria um ecossistema que vai muito além da produção agrícola. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.