23/Oct/2025
O governo brasileiro tem conversado com diferentes países e espera que haja anúncios de aportes ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) durante a Conferência do Clima em Belém (PA). A meta de aporte soberano é de US$ 25 bilhões, mas a expectativa é que, até a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), menos que isso seja anunciado. A ideia é ter um volume expressivo de recursos para incentivar outros países a entrar e dar sequência ao processo de captação ao longo da presidência brasileira da conferência, que dura 12 meses após o evento. O fundraising é liderado pelo Brasil, mas não há meta específica a ser atingida até o encontro. A presidência brasileira da COP começa efetivamente na conferência.
A alavancagem é de US$ 25 bilhões vindos de entes soberanos, mas o tamanho atual do fundo em discussão é de US$ 125 bilhões, com 80% de investidores privados. Trata-se de emissão de papéis no mercado, como qualquer dívida, tais como debêntures e títulos da dívida pública. Um elemento apontado como inédito no financiamento climático é o fato de o fundo garantir lucratividade aos investidores. A receita virá da diferença (spread) entre os juros recebidos de seus investimentos e o valor a ser pago sobre seu capital (contribuições do patrocinador). Após os custos administrativos e o pagamento de suas obrigações, o TFFF vai desembolsar "bônus" aos países com florestas tropicais. A ideia é que os papéis do TFFF tenham nível AA ou AAA, com remuneração de mercado.
Isso permitiria captar, sem grandes dificuldades na visão do governo, os US$ 100 bilhões necessários para completar a carteira do fundo. A atratividade também decorre do fato de os investidores soberanos terem posição subordinada aos demais. A remuneração será paga primeiro aos investidores em geral e depois aos países. Com o que sobrar, depois dos custos operacionais, o fundo quer remunerar as nações que mantêm florestas tropicais conservadas. A projeção é de US$ 4,00 por hectare preservado. Se os investidores privados recebessem retorno de 7% ou 8%, os países investidores ficariam com 5%, e ainda sobrariam 2% ou 3% para os beneficiados manterem suas florestas. Alguns países ainda discutem o tema internamente com seus governos e parlamentos. Por isso, parte dos anúncios oficiais deve ocorrer a partir de novembro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.