20/Oct/2025
O ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que a reunião com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, na quinta-feira (16/10), foi um começo "auspicioso" de um processo negociador com os norte-americanos e teve um clima de "excelente de descontração". Ele reiterou o objetivo de os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump se encontrarem pessoalmente em breve. "Foi um princípio auspicioso de um processo negociador, no qual trabalharemos para normalizar e abrir novos caminhos para as relações bilaterais", disse Vieira, em declaração à imprensa, na Embaixada do Brasil em Washington.
Ele afirmou que reiterou a posição que Lula transmitiu a Trump, na semana passada, sobre a necessidade de reversão das medidas adotadas pelo governo norte-americano a partir de julho. Isso irá demandar um processo de negociação a ser iniciado nos próximos dias, conforme o chanceler. "Nós já estamos trabalhando na montagem de uma agenda de reuniões e manterei contatos diretos com o secretário Rubio nos próximos dias para monitorar o avanço e estabelecer prazos para novos encontros", informou o ministro. Durante o encontro, ambos trocaram ideias e posições de uma "forma muito clara, objetiva e com muita disposição de trabalhar em conjunto" para definir essa agenda que abordará de temas específicos de comércio.
De acordo com Vieira, está mantido o objetivo de que os presidentes Lula e Trump se reúnam em breve. Uma data ainda não está definida, e depende de um momento e local que sejam convenientes para ambos os chefes de Estado. Questionado sobre a possibilidade de Trump e Lula se encontrarem na Cúpula da Asean, bloco econômico do Sudeste Asiático, que acontece em Kuala Lumpur, na Malásia, entre 26 e 28 de outubro, Vieira não bateu o martelo. "Não sabemos. Vai depender se coincidir as datas. Até pode ser", afirmou. "Isso vai ser estudado e preparado, mas há um interesse de ambas as partes de que os presidentes se encontrem em breve", acrescentou Vieira. A conversa entre Vieira e Rubio durou cerca de uma hora e foi dividida em duas partes.
Segundo o ministro brasileiro, tanto o clima e quanto a conversa foram "auspiciosos" e "muito positivos. "Criaram um diálogo, um canal de negociação", reforçou. A primeira foi uma espécie de tête-à-tête entre os dois, com duração de cerca de 20 minutos, conforme Vieira. Foi uma "conversa reservada, muito profunda, muito produtiva", disse. A reunião bilateral foi seguida por um encontro mais amplo, com a participação de interlocutores de ambas as partes. Do lado do Brasil, participaram a embaixadora do Brasil nos Estados Unidos, Maria Luiza Ribeiro Viotti, e ainda os embaixadores Maurício Lyrio, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente, Philip Gough, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros, e Joel Sampaio, Chefe da Assessoria Especial de Comunicação Social.
Do lado dos Estados Unidos, dentre os participantes, estavam as equipes do representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, o secretário de Defesa assistente, Michael Jensen, e assessores do Departamento de Estado Americano. Essa reunião teria durado cerca de 50 minutos, conforme interlocutores. "Durante todo o encontro, prevaleceu atitude construtiva e voltada aos aspectos práticos da retomada das negociações entre os países em sintonia com a química e o que foi decidido no recente telefonema entre o presidente Lula e o presidente Trump", afirmou o ministro. Para a Eurasia, as negociações entre o Brasil e os Estados Unidos ainda são incipientes e devem demorar meses, apesar das recentes sinalizações positivas de diálogo.
As negociações serão difíceis. Apesar de todas as sinalizações positivas, ainda há um caminho difícil para chegar a um acordo. Inclusive na reunião entre o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, não foram publicados quais os temas tratados. Além da discussão tarifária, devem entrar na negociação temas como os minerais críticos, a regulação de mídias sociais, e investimentos. Minerais críticos são de interesse dos Estados Unidos, que têm sofrido com as restrições que a China tem colocado para a exportação, tanto é que o presidente Donald Trump ameaçou novamente impor tarifas de 100%.
O tema de minerais críticos já está em discussão há anos, desde antes do primeiro governo Donald Trump, e mesmo assim Brasil e Estados Unidos não chegaram a um consenso. A dificuldade deve continuar atualmente, pois o governo Lula demonstra interesse de que o processamento de minerais críticos ocorra dentro do Brasil, e não que a exploração de minerais seja feita via processamento nos Estados Unidos. O governo Trump mudou sua estratégia depois de ver que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado mesmo após a aplicação de tarifas e sanções da Lei Magnitsky contra o Supremo Tribunal Federal (STF), sem evolução em aprovar uma anistia no Congresso. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.