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20/Oct/2025

Tarifaço causa demissões em setores exportadores

Segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), no mês em que entrou em vigor o tarifaço de 50% para produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, seis segmentos afetados pela medida registraram forte fechamento de postos de trabalho com carteira assinada. Houve quedas expressivas em segmentos altamente sensíveis às medidas tarifárias (os 50% de taxação se somaram aos 10% de tarifa recíproca, que já estavam em vigor, e à tarifa punitiva de 40% imposta a parte dos exportadores do Brasil desde agosto). Esse impacto foi especialmente sentido na fabricação de produtos de metal, produção florestal, metalurgia e fabricação de produtos de madeira. O levantamento tem como base os microdados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho.

O mercado de trabalho no País registrou a abertura líquida de 147.358 postos com carteira assinada em agosto, menor resultado para o mês na série do Novo Caged, iniciada em janeiro de 2020. O saldo foi 38,4% inferior ao de agosto de 2024, quando houve geração de 239.069 vagas. No caso dos segmentos mais sensíveis às exportações, a queda foi bem maior. Na fabricação de produtos de madeira, por exemplo, o saldo, que era positivo em 579 vagas em agosto de 2024, se tornou negativo em 1.780 postos no mesmo mês neste ano; foram 2.359 postos de trabalho perdidos. É um ajuste, porque em meados de julho já se começou a ventilar todas as informações relacionadas ao tarifaço. Então, os agentes e empreendedores acabam ali gerando expectativas, já vão se ajustando. Se eles tinham uma perspectiva de contratar mais pessoas ou mesmo de segurar um trabalhador temporário por mais tempo, isso pode ter afetado esse tipo de relação e ele ter sido demitido.

Seis das atividades que tiveram maior piora no saldo de vagas em agosto ante agosto de 2024 tinham relação com exportações: fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos; produção florestal; metalurgia; fabricação de produtos de madeira; extração de minerais não metálicos; e agricultura, pecuária e serviços relacionados. O Brasil exporta muita madeira, e o setor de madeira foi muito afetado pelo tarifaço, assim como a metalurgia, produtos de metal. Esses são segmentos que já vinham comunicando realmente que seriam muito afetados pelas medidas dos Estados Unidos. O ranking dos dez segmentos com maior queda no saldo de vagas com carteira assinada inclui ainda atividades cinematográficas, produção de vídeos e de programas de televisão, gravação de som e edição de música; seleção, agenciamento e locação de mão de obra; organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais; e correio e outras atividades de entrega.

Além do tarifaço, o efeito dos juros altos no País também impacta negativamente o mercado de trabalho. No conjunto, o saldo nos dez segmentos foi negativo em 13.769 vagas. Na prática, significa quase 23 mil postos de trabalho perdidos no mês comparados com o saldo de agosto de 2024, que era positivo em 9.085 vagas. O mercado de trabalho continua num nível bom, aquecido, mas agora desacelerou em relação ao ano passado. E aí, com esse fenômeno adicional do tarifaço, percebe-se que os setores que apresentaram maior decréscimo também são os que já tinham potencial maior de serem tarifados. Então, é difícil dizer quanto que é da conjuntura interna e quanto do fator externo, mas os dois fatores estão impulsionando para que esses segmentos tenham uma performance ruim. No agregado do mercado de trabalho formal, a expectativa é de que o saldo de vagas permaneça positivo no País neste ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.