17/Oct/2025
Segundo a StoneX, a formação de um La Niña fraco entre outubro e dezembro deve alterar o regime de chuvas e temperaturas nas principais regiões agrícolas do Brasil. O fenômeno climático, caracterizado pelo resfriamento das águas do Pacífico central e leste, deve beneficiar as Regiões Centro-Oeste e Sudeste, com regularização das precipitações e melhora na umidade do solo, mas tende a trazer calor e seca para Região Sul do País e ao Cone Sul da América do Sul durante o verão. Os relatórios da Organização Meteorológica Mundial (OMM), do Instituto Internacional de Pesquisa para o Clima e Sociedade (IRI) e da Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) indicam alta probabilidade de ocorrência da La Niña, com chance de neutralidade no primeiro trimestre de 2026.
A combinação entre La Niña e a Oscilação de Madden-Julian (MJO), que regula a ocorrência de tempestades tropicais, pode gerar contrastes acentuados. Enquanto o Centro-Oeste e o Sudeste devem ter boa recuperação da umidade, o Sul pode enfrentar bloqueios atmosféricos que reduzem a entrada de frentes frias. Na Região Centro-Oeste, a umidade mostra sinais de recuperação após o inverno seco e frio de 2025. O Índice de Umidade por Diferença Normalizada (NDMI), calculado a partir de imagens de satélite, aponta condições mais favoráveis do que em anos críticos como 2021 e 2024. Em Mato Grosso, o principal Estado produtor de grãos do País, a previsão é de chuvas acima da média a partir de outubro, o que deve favorecer a germinação da soja e do milho.
As áreas produtoras de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais devem registrar normalização da umidade do solo entre outubro e novembro, criando um ambiente mais seguro para o plantio. No Pantanal, um dos biomas mais afetados pela seca e pelo fogo, o inverno apresentou níveis de umidade de moderados a baixos, mas o retorno das chuvas tende a amenizar o cenário. Na Região Sul, por outro lado, o quadro é de alerta: o Rio Grande do Sul e o oeste de Santa Catarina podem enfrentar calor e precipitações abaixo da média, com risco de perdas na soja e no milho safra de verão (1ª safra 2025/2026). Se o La Niña persistir até o início de 2026, os impactos negativos na agricultura da Região Sul podem se prolongar. O trimestre outubro-novembro-dezembro deve marcar uma virada no padrão de umidade no País. As previsões da OMM mostram que as Regiões Centro-Oeste e Sudeste terão precipitação acima da média, enquanto a Região Sul pode registrar estiagem localizada.
Na Região Sudeste, o cenário é positivo para café, soja e milho, mas pode gerar dificuldades para a cana-de-açúcar, já que o excesso de nebulosidade e a umidade recorrente aumentam o risco de doenças nas lavouras. Os modelos climáticos também apontam temperaturas próximas da média histórica, com variações regionais relevantes. Em Mato Grosso, oeste da Bahia e parte de Goiás, os termômetros podem ficar até 2°C acima da média em outubro, o que acelera a germinação, mas eleva o risco de déficit hídrico caso as chuvas atrasem. Em novembro, a Região Sudeste tende a registrar temperaturas até 1ºC acima do normal, principalmente em Minas Gerais e Espírito Santo, aumentando a evapotranspiração em lavouras e cafezais. Pequenas variações térmicas já podem alterar o metabolismo das plantas e fases críticas como florescimento e enchimento de grãos.
Se as chuvas forem bem distribuídas, o Centro-Sul terá boas condições de produtividade, mas o manejo hídrico será determinante para evitar perdas. Em escala global, o La Niña também deve impactar o comércio internacional de commodities agrícolas. Chuvas acima da média são esperadas em regiões produtoras da Índia, América Central, Colômbia e Canadá, o que pode fortalecer a produção e pressionar os preços internacionais. O Equador, a costa oeste da América do Sul, o sul da Europa e o leste da África devem enfrentar secas que reduzem a oferta de alimentos e elevam a volatilidade nos mercados. A duração média do fenômeno La Niña é de 3 a 4 trimestres consecutivos. Eventos anteriores, como os de 1984 e 2017, duraram de 6 a 11 trimestres. O atual fenômeno pode se estender até fevereiro de 2026, mantendo o alerta sobre a Região Sul e exigindo monitoramento constante para o planejamento agrícola. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.