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16/Oct/2025

Agro produz quase 1/3 da energia ofertada no País

A participação do agronegócio na matriz energética brasileira já representa quase um terço de toda a energia ofertada no País. Segundo estudo do Observatório de Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgado em maio com base no Balanço Energético Nacional (BEN), recursos oriundos de atividades agropecuárias foram responsáveis por 29,1% da energia usada no Brasil em 2023. Quando considerada apenas a parcela renovável da matriz, gerada com recursos naturais regenerativos, essa participação sobe para 60%. Os outros 40% são hidrelétricas (24,02%), eólica (5,24%), solar (3,46%%), lenha de vegetação natural (6,98%) e biogás proveniente de resíduos não agrícolas, como o lixo doméstico (0,22%). Esse protagonismo tem sido impulsionado por iniciativas que diversificam as fontes de geração.

Em Fortaleza (CE), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Universidade Federal do Ceará (UFC) criaram um sistema para transformar frutas e verduras em biogás. Em Santiago (RS), está sendo construída a primeira usina de etanol de trigo do País, capaz de processar 100 toneladas do cereal por dia e produzir 12 milhões de litros de etanol hidratado por ano. Paralelamente, uma empresa brasileira, com apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), da Universidade Estadual de Maringá (PR) e investimentos de um ministério da Alemanha, deve inaugurar em 2026 uma planta-piloto para gerar 100 mil litros por ano de combustível sustentável de aviação (SAF), a partir de resíduos orgânicos. A meta é atingir, nos próximos anos, volume entre 40 milhões e 80 milhões de litros anuais.

Desde o início da década de 1970, a trajetória da bioenergia gerada pelo agro tem sido de ascensão: passou de 6,5 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (TEP, unidade usada para comparar diferentes fontes de energia com base no poder calorífico do petróleo) para mais de 91 milhões em 2023. Isso contribui para que o Brasil tenha uma das matrizes energéticas mais renováveis do mundo. Conforme o estudo, a lenha e o carvão vegetal respondiam, no início dos anos 1970, por 40% da energia proveniente da agropecuária. Esse perfil começou a mudar com o Proálcool, que promoveu um avanço expressivo da cana-de-açúcar. Entre 1988 e 2003, porém, o mercado canavieiro foi impactado por uma crise no setor de etanol, enquanto a oferta de lixívia (resíduo da indústria de papel e celulose) passou de 1,2 milhão para 3,7 milhões de TEP.

A partir de 2003, a energia canavieira voltou a crescer, graças aos veículos flex e à bioeletricidade gerada com o bagaço. Hoje, a biomassa da cana-de-açúcar corresponde a 48% da energia fornecida por petróleo e derivados no Brasil. Lixívia, lenha e carvão vegetal também cresceram. Se tirar essa bioenergia da matriz energética, o percentual de energias renováveis no Brasil cai para 20%, próximo da média mundial. As condições do agro nacional, como disponibilidade de área, clima favorável, solo fértil e tecnologia adaptada à agricultura tropical, serão determinantes para um desempenho ainda maior. O mundo está procurando soluções para reduzir poluentes. Não há “bala de prata”, mas podem ser oferecidas diversas opções.

Outro estudo, feito pela Imma, organização especializada em metodologias para análise de cenários futuros, a pedido da consultoria Treesales e apresentado na Fenasucro & Agrocana, maior feira mundial de bioenergia, realizada em Sertãozinho (SP), em agosto, indicou que os potenciais do setor estão amparados em três eixos. O primeiro é o da biotecnologia, com avanços previstos para o etanol de milho, o etanol de segunda geração da cana-de-açúcar que pode adicionar 40 bilhões de litros à produção sem expandir área, e o SAF, com o Brasil sendo capaz de assumir 25% do mercado mundial até 2030. O segundo eixo é a digitalização das operações, que permitiria reduzir os custos de produção em 30% e aumentar a produtividade em 20% até 2030. O terceiro é a capacidade de se tornar carbono negativo no mesmo período, sequestrando 50 milhões de toneladas de monóxido de carbono anuais.

Com isso, há 65% de chances de que, até lá, o Brasil esteja posicionado como líder global em bioeconomia, segundo a Treesales. A Geo bio gas&carbon vai investir R$ 20 milhões na construção de uma planta-piloto para produção de SAF a partir de resíduos do setor sucroenergético e outros materiais orgânicos. A planta deverá entregar combustível de aviação com pelo menos 50% menos emissões. O projeto se alinha ao PL do Combustível do Futuro, que prevê redução obrigatória nas emissões do setor aéreo a partir de 2027. Outro empreendimento será a primeira usina de etanol de trigo, em implantação em Santiago (RS), pela CB Bioenergia, com investimentos de R$ 100 milhões e produção que deve chegar a 50 milhões de litros anuais até 2027. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.