13/Oct/2025
A Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA), oficializou na quinta-feira (09/10) o retorno do fenômeno La Niña. As condições de La Niña estão presentes no Pacífico Tropical e devem persistir de dezembro de 2025 a fevereiro de 2026 (55% de chance), com uma transição para neutralidade durante o verão ainda. Ao contrário do evento de 2020 a 2023, que foi atipicamente longo, este deve ser muito curto e fraco, perdurando três a cinco meses, conforme os dados dos modelos de clima analisados pela MetSul Meteorologia. Hoje, conforme os dados da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central-Leste (região Niño 3.4) está em -0,5ºC. O valor está na faixa de La Niña fraco (-0,5ºC a -0,9ºC) e no limite da neutralidade. A anomalia na semana anterior foi a mesma. O episódio de resfriamento se concentra desta forma no Pacífico Centro-Leste, logo é um evento mais centralizado de resfriamento e não em toda a faixa equatorial.
Na avaliação da MetSul, o anúncio da NOAA surpreende para não dizer ser “forçado”. Somente três semanas até agora tiveram anomalias de temperatura do mar em nível de La Niña, não foram consecutivos e as anomalia foram de -0,5°C, que é o limite com neutralidade. Com o resfriamento do Pacífico, a MetSul projeta que neste último trimestre de 2025 já serão sentidos os efeitos do fenômeno no Brasil com redução da chuva e déficit de precipitação em áreas mais ao Sul do Brasil e aumento da chuva com excessos no Centro do Brasil. O fenômeno pode determinar períodos mais prolongados de chuva irregular e abaixo da média agora no final do ano em parte do Sul do Brasil, particularmente na metade sul e no oeste do Rio Grande do Sul. Por isso, a MetSul Meteorologia entende ser alto o risco de áreas do Rio Grande do Sul enfrentarem déficit de precipitação, o que vai afetar a agricultura em diversos municípios com perda de produtividade em milho e soja.
O fenômeno La Niña tem impactos relevantes no sistema climático global, sendo caracterizado por temperaturas abaixo do normal na superfície do Oceano Pacífico equatorial central e oriental. Essa condição contrasta com o El Niño, sua contraparte quente, e faz parte do fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS), que influencia os padrões climáticos em todo o mundo. Durante um evento La Niña, as águas do oceano Pacífico equatorial central e oriental ficam mais frias do que o normal. Isso tem efeitos significativos nos padrões de vento, precipitação e temperatura ao redor do globo. A última vez em que a fase fria esteve presente foi entre 2020 e 2023 com um longo evento do fenômeno que trouxe sucessivas estiagens no Sul do Brasil e uma crise hídrica no Uruguai, Argentina e Paraguai. No Brasil, os efeitos variam de acordo com a região. A Região Sul do País geralmente experimenta menos chuva enquanto as Regiões Norte e Nordeste registram um aumento das precipitações.
Cresce o risco de estiagem na Região Sul do Brasil e em Mato Grosso do Sul, embora mesmo com a La Niña possam ocorrer eventos de chuva excessiva a extrema com enchentes e inundações. Além da chuva, o fenômeno também influencia as temperaturas em diferentes partes do mundo. Na Região Sul do Brasil, o fenômeno favorece maior ingresso de massas de ar frio, não raro tardias no primeiro ano do evento e precoces no outono no segundo ano do episódio. Por outro lado, com estiagens, aumenta a probabilidade de ondas de calor e marcas extremas de temperatura alta nos meses de verão na Região Sul. Em escala global, quando o fenômeno está presente há uma tendência de diminuição da temperatura planetária, o que nos tempos atuais significa menos aquecimento da Terra. O aquecimento do planeta, entretanto, foi tamanho recentemente que a temperatura média do planeta hoje em um evento de La Niña forte tende a ser mais alta que em um evento de forte El Niño décadas atrás. Fonte: MetSul. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.