07/Oct/2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que o governo norte-americano retire o tarifaço imposto contra o Brasil e as sanções contra autoridades brasileiras, entre elas ministros de Estado e do Supremo Tribunal Federal e seus parentes durante conversa por telefone realizada nesta segunda-feira (06/10). A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República do Brasil (Secom) confirmou a conversa entre Lula e Trump. Disse que a ligação durou cerca de 30 minutos e que foi Trump quem ligou para Lula. A Secom disse que os dois presidentes "relembraram a boa química que tiveram em Nova York por ocasião da Assembleia-Geral da ONU" e "reiteraram a impressão positiva daquele encontro". O presidente Lula descreveu o contato como uma oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente.
Recordou que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços. Solicitou a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras, afirmou a Secom. Donald Trump designou o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, para dar sequência às negociações como o Brasil envolvendo o tarifaço. Do lado brasileiro, os designados por Lula são o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Fazenda, Fernando Haddad. Lula e Trump concordaram em se reunir pessoalmente em breve para discutir o assunto. O presidente brasileiro sugeriu a possibilidade de isso ocorrer na Cúpula da Asean, na Malásia, que será no fim de outubro. Lula também se dispôs a viajar aos Estados Unidos.
Os dois presidentes trocaram telefones para estabelecer uma "via direta de comunicação". Alckmin, Vieira e Haddad estiveram no Palácio da Alvorada acompanhando Lula na ligação com Trump. O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, e o assessor especial Celso Amorim também acompanharam a conversa. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou que o presidente Lula disse ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que as sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) não são justas e que isso também deveria ser rediscutido. Alckmin declarou que a conversa entre os dois presidentes foi muito positiva e que o governo ficou muito otimista com os próximos passos. Ainda não há, entretanto, uma nova reunião marcada.
As conversas seguirão entre os ministérios e até entre Lula e Trump, porque ambos trocaram telefones pessoais. "Foi muito boa a conversa, melhor do que nós esperávamos, então, estamos muito otimistas aí que a gente vai avançar", afirmou. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avaliou como "ótima" a ligação telefônica que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira (06/10). Em publicação em rede social, o republicano confirmou que discutiu especialmente economia e comércio bilateral, e prometeu se reunir "em um futuro não tão distante" com o brasileiro "tanto no Brasil, como nos Estados Unidos". "Discutimos muitas coisas, mas a conversa foi focada em economia e no comércio entre nossos dois países. Teremos mais discussões", acrescentou Trump, reforçando ter "gostado" da ligação. "Nossos países se sairão muito bem juntos!"
Ainda, Donald Trump afirmou que pretende "começar a fazer negócios com o Brasil", após o que classificou como "uma ótima conversa" por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O republicano disse que os dois países vão estreitar laços econômicos e comerciais. Trump elogiou Lula, a quem chamou de "uma ótima pessoa", e recordou o primeiro encontro entre ambos. "Eu o conheci nas Nações Unidas, no dia em que o teleprompter falhou... foi um momento interessante", afirmou, em tom descontraído. O presidente norte-americano também confirmou que há planos de encontros presenciais entre os dois líderes. "Em algum momento, Lula virá para os Estados Unidos, e eu irei ao Brasil", repetiu.
O governo brasileiro segue na toada de cautela em relação aos Estados Unidos mesmo depois de conversa entre os dois presidentes. Após o telefonema entre os dois chefes de Estado, integrantes do primeiro escalão da administração minimizam o impacto de o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, ter sido escolhido como interlocutor com o Brasil. O Itamaraty vê, nos bastidores, que a conversa serviu para criar um "canal aberto" entre os países. Algo inédito na relação até aqui. Apesar de o Palácio do Planalto minimizar a escolha de Trump por Rubio, ela é vista com ressalvas. Integrantes do governo dizem, sob anonimato, que a equipe de Rubio é justamente a que tem mais convergência com a narrativa da direita bolsonarista.
É do Departamento de Estado norte-americano que vêm as principais críticas contra o Brasil e o julgamento contra Jair Bolsonaro. Ao mesmo tempo, o comportamento da equipe de Rubio no decorrer do processo envolvendo Jair Bolsonaro também é citado como um sinal de que esse radicalismo tem limites. Há uma percepção entre integrantes do governo brasileiro de que esses auxiliares do Departamento de Estado endossam esse discurso radical com o intuito de sinalizar ao presidente dos Estados Unidos. Desde que Trump indicou aproximação com Lula, os ataques cessaram. A escolha de Trump por Rubio tem sido usada pela ala radical do bolsonarismo para tentar impor uma narrativa de que não há avanço significativo na negociação dos Estados Unidos com o Brasil.
Essa versão é rebatida por auxiliares do presidente Lula. O principal avanço é justamente a aproximação entre os dois chefes de Estado. O governo entende que os opositores tentarão desmerecer o encontro, mas acreditam que o relato da conversa por si só serve para demonstrar a aproximação entre os mandatários. Do lado da diplomacia, a ideia é manter a cautela e a discrição. Os comentários vão na linha que a conversa com Trump foi mais uma etapa no processo de negociação com os Estados Unidos. Ainda assim, afirmam que a conversa foi "cordial" e que agora o Brasil tem um canal aberto para seguir com as tratativas para reverter o tarifaço norte-americano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.