07/Oct/2025
Exportadores brasileiros veem com otimismo o telefonema entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ocorrido nesta segunda-feira (06/10), e cresce a expectativa por um encontro presencial entre os dois líderes para discutir o tarifaço imposto pelo governo norte-americano a produtos importados do Brasil. Representantes de diferentes cadeias produtivas viram com bons olhos o gesto inicial entre os presidentes. Eles afirmam que agora o setor privado vai ampliar a pressão por uma reunião presencial, o que enfrenta resistência em alas do governo. Nas últimas semanas, representantes da indústria exportadora levaram apelos a integrantes do governo para que o convite de encontro presencial feito pela Casa Branca fosse aceito, com a possibilidade de a reunião ocorrer em Mar-a-Lago, em meio às ressalvas do governo brasileiro quanto a uma reunião presencial entre os líderes. A postergação do diálogo previsto para semana passada desanimou o setor.
Após o telefonema desta segunda-feira (06/10), o setor privado quer que essa retomada no relacionamento direto entre os líderes dos países "não se perca". Mas, vai depender dos desdobramentos dos próximos dias das tratativas bilaterais. Se as tratativas avançarem, a necessidade de mais encontros entre Trump e Lula pode ser reavaliada. O presidente Lula pediu a Trump a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras, durante a ligação de 30 minutos. Os líderes dos dois países "acordaram encontrar-se pessoalmente em breve". Trump disse em suas redes sociais que eles se encontrarão em um futuro "não tão distante" e que gostou da conversa. Integrantes do governo defendem um possível encontro entre os líderes na cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) em Kuala Lumpur, onde Lula participará como convidado em 25 de outubro.
Parte do setor privado acredita que o encontro possa ocorrer antes dessa data. Outra ala defende que o foco seja pela aproximação em Kuala Lumpur. As chances de uma conversa presencial de alto nível são altas, mas Washington deve ser evitada", avaliou um interlocutor, mencionando a instabilidade de Trump e o eventual controle da agenda pelo governo norte-americano. Os exportadores também viram como um bom termômetro da disposição norte-americana em negociar com o Brasil a manifestação de Trump por meio de suas redes sociais, citando economia e comércio como focos do diálogo. Resta saber ainda o nível de profundidade da conversa. Em paralelo, exportadores esperam que as agendas bilaterais sejam destravadas com as equipes de cada país a partir do aval dos presidentes dado nesta segunda-feira (06/10). O pleito do setor exportador é pela retirada da sobretaxa de 40% de forma homogênea e, caso não seja possível, a negociação pela ampliação dos produtos isentos à alíquota, com café e carne bovina.
O foco tem de ser a pauta econômica com senso de urgência. O andamento das tratativas precisa ser imediato. Neste primeiro momento, o pedido do Brasil deve ser pela retirada total da sobretaxa de 40%, alegando o déficit comercial brasileiro na relação bilateral. Há preocupação, entretanto, com o fato de o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, ser o interlocutor designado por Trump. Enquanto do lado brasileiro os designados por Lula são o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Fazenda, Fernando Haddad. O gabinete de Rubio é próximo do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e as medidas mais duras em relação ao Brasil, inclusive contra autoridades brasileiras, foram gestadas no gabinete de Rubio. Rubio prometeu pessoalmente nova resposta ao Brasil após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal. O secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, seriam os intermediadores mais adequados.
Porém, agora há aval de Trump para o diálogo com interação e acesso direto do presidente brasileiro ao presidente norte-americano. A tendência é que a influência de Eduardo Bolsonaro diminuía. A condição agora é diferente, avalizada por Trump. Uma interlocução com Rubio não tende a ser mais efetiva do que o contato direto de Lula com Trump. Todas as fontes ouvidas avaliam que há risco baixo ou quase nulo de a Casa Branca paralisar as agendas entre os países, após o telefonema. Uma hora a pauta comercial iria se impor. Os Estados Unidos sinalizavam que o Brasil seria chamado a negociar, mas não na lista prioritária. Chegou a vez de conversar com o Brasil com possibilidade de caminharem para um acordo. Ainda em julho, antes da vigência das tarifas, emissários do governo Trump afirmavam a empresários dos Estados Unidos que o Brasil estaria no fim da fila das negociações, mas que a negociação ocorreria. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.