07/Oct/2025
Interlocutores em Wall Street receberam com cautela a ligação entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, nesta segunda-feira (06/10), por meio de videochamada. O que preocupa o principal mercado financeiro do mundo é que o viés político continue predominando, com a liderança do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, nas negociações com o Brasil envolvendo o tarifaço. Isso porque o secretário de Trump é conhecido por ter um perfil ideológico, crítico a governos alinhados à esquerda. Rubio também é considerado mais inclinado à narrativa da direita bolsonarista. A escolha do secretário de Estado dos Estados Unidos não foi o melhor resultado para o Brasil após a conversa entre Trump e Lula. A liderança de Rubio pode prolongar as negociações com o Brasil e gerar impasses que caberiam a Trump resolver.
Enquanto o republicano escalou Rubio para seguir com a negociação, do lado brasileiro, os designados por Lula foram o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Fazenda, Fernando Haddad. Para membros de Wall Street, o melhor cenário seria que as conversas entre o Brasil e os Estados Unidos fossem conduzidas pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. Haddad já o encontrou uma vez, mas a última reunião que teria com o norte-americano foi desmarcada. Na ocasião, o ministro atribuiu o cancelamento à articulação da extrema-direita. O secretário de Comércio, Howard Lutnick também seria uma melhor solução. No mês passado, porém, o número 2 do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau, já havia alertado empresários brasileiros de que as negociações tarifárias estavam sendo conduzidas pelo órgão comandado por Rubio.
A liderança de Rubio é mais difícil para as negociações entre o Brasil e os Estados Unidos, mas houve avanço nas conversas. O País está melhor posicionado do que um mês atrás. Wall Street faz outro alerta: o Brasil deve se preparar para levar à mesa de negociações com os Estados Unidos a redução de algumas medidas protecionistas de comércio. O JPMorgan avalia que as isenções a centenas de produtos para países emergentes como o Brasil evitaram um "efeito mais grave" como previsto inicialmente. No caso do Brasil, a questão-chave é saber o patamar final da alíquota efetiva. Essa alíquota está caminhando para 16%, mas a tarifa observada tem sido provavelmente de 9,7%. Para o Brasil, há 700 isenções, cerca de 42% das exportações, incluindo produtos como suco de laranja, que impactam na inflação dos Estados Unidos.
O ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, minimiza o possível impacto negativo da escolha de Marco Rubio, como representante dos Estados Unidos nas negociações do tarifaço e de sanções a autoridades brasileiras. "Não preocupa", declarou Amorim. O governo vê o telefonema entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump como um avanço concreto. Aliados de Jair Bolsonaro, por sua vez, comemoraram a indicação de Rubio por causa do perfil ideológico do secretário de Estado, que fez críticas diretas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por causa do julgamento do ex-presidente. Trump e Lula conversaram por telefone nesta segunda-feira (06/10), por 30 minutos. Nas redes sociais, o chefe da Casa Branca classificou o diálogo como "ótimo". Segundo o Palácio do Planalto, Lula pediu ao norte-americano a retirada da sobretaxa de 40% sobre as importações brasileiras e de medidas restritivas aplicadas contra autoridades do País. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.